Quarta-feira,Março 19, 2025
7.2 C
Castelo Branco

- Publicidade -

O da NATO veio de marmita?

Nesta segunda-feira, 27 de Janeiro, Lisboa recebeu um daqueles almoços solenes que fazem manchete, mas mudam pouco: o líder da NATO sentou-se à mesa com o primeiro-ministro Luís Montenegro. Não disseram o que foi servido, mas espero, honestamente, que sejam bifanas – e numa tasca da rua do Benformoso, à Mouraria. Porque, sejamos sinceros, não há nada mais hipócrita do que discutir a pobreza nacional enquanto se trincha foie gras.

E já agora, nada de carros oficiais com vidros fumados! Que o líder da NATO Mark Rutte experimente o 728 para Belém ou o 735 até ao Cais do Sodré. Entre uma paragem e outra, fica com uma ideia mais clara de como é viver com orçamentos apertados – e de como não temos trocos para financiar caças supersónicos quando o passe do autocarro já é um luxo.

Mark Rutte, para quem não se lembra, é aquele que, quando era primeiro-ministro, viu o seu ministro das Finanças atirar aos portugueses uma frase lapidar: “Gastam tudo em mulheres e álcool.” Sim, claro, somos todos uns boémios irresponsáveis. O que é curioso, porque agora bem podíamos usar o mesmo argumento: olhe, gastámos tudo em P`tas e vinho verde– já não sobra nada para pistolas nem tanques.

E, sejamos honestos, o que seria da NATO sem que os europeus, armados ao pingarelho, não se deitasse ao colo dos Estados Unidos? Tirando o Tio Sam, fica uma associação de boas intenções: o Canadá manda um sorriso, a Alemanha promete ajudar “um dia” e Portugal… bom, Portugal manda um “força aí, pessoal!”. A NATO, sem os países ricos, é como um churrasco onde toda a gente traz batatas fritas e ninguém traz a carne.

Se amanhã rebentasse um conflito global e fosse preciso contar com a nossa ajuda, íamos marchar de fisgas na mão. Literalmente. É que, enquanto os outros têm drones e mísseis teleguiados, nós estamos a olhar para o nosso orçamento militar como quem tenta esticar uma nota de cinco euros para comprar jantar e sobremesa. E falta-nos arranjar o drone da marinha, aquele que, em vez de voar, afoga-se.

Mas nem tudo está perdido! Este mês, os nossos arcos e flechas do tempo do Viriato passaram na inspecção técnica com distinção. Estão polidos, afinados e prontos para qualquer eventualidade. Se for preciso, podemos até enviar um ou dois para a NATO como símbolo do nosso contributo. Não será muito, mas é genuinamente português.

Portanto, que Mark Rutte tenha aproveitado o almoço. Pôde até pedir um copo de vinho. Só não venha pedir mais dinheiro. Aqui, o nosso único inimigo é o colesterol, a dor na isca

e o coração com mau ralenti. O senhor NATO que passe por Israel. Parece que há lá bombinhas a mais. Ide inventar aviões, submarinos e mata-cavalos para outro lado. É que nós temos um bolo chamado “russo” – e até os comemos, sem precisar nada mais do que um guardanapo e boas maneiras. Nunca um bolo foi nosso inimigo.

- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:
Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor

Não está autorizado a replicar o conteúdo deste site.