Nesta sexta-feira, 28 de fevereiro, a cidade acordou com sons de música festiva e risos de crianças, prontas para o tradicional desfile de Carnaval. Os pequenos foliões, com os seus fatos coloridos e sorrisos estampados, enchiam a Avenida Nuno Álvares Pereira de alegria, enquanto a população se preparava para assistir à celebração. Até aqui, tudo parece uma pintura idílica. O problema? A organização da Câmara Municipal revelou-se, mais uma vez, um autêntico baile de trapalhadas.
Noutros tempos, quando a Câmara ainda tinha uma leve noção de planeamento e respeito pela comunidade, os desfiles eram preparados com antecedência e diligência. Os carros eram removidos, as vias sinalizadas, e os moradores informados com tempo para ajustarem as suas rotinas. Mas agora, sob a batuta desastrada do presidente Leopoldo Rodrigues e dos seus ilustres assessores, a desorganização parece ter-se tornado o estandarte oficial do município.
A história repete-se como uma comédia de mau gosto. Não houve aviso prévio, não houve remoção de veículos no dia anterior. De manhã, surgiram grades e fitas como se de decorações carnavalescas se tratassem, isolando os carros estacionados e, com eles, os cidadãos que tinham a infeliz intenção de ir trabalhar. Uns tiveram de arranjar alternativas, outros resignaram-se ao papel de reféns involuntários da incompetência alheia.
Nas redes sociais, a reação foi imediata. Fotos dos carros enclausurados multiplicaram-se, acompanhadas de manifestações de desagrado. Os comentários ora denunciavam a falta de organização, ora ironizavam a gestão municipal. Um utilizador escreveu: “Novo parque subterrâneo gratuito da Câmara. Entrada livre, saída só depois do Carnaval”.
Entretanto, as crianças desfilavam, alheias ao pandemónio logístico. E talvez seja essa a grande lição do dia: mesmo rodeados pelo caos, a inocência e a alegria infantil persistem. Talvez Leopoldo Rodrigues devesse aprender com elas a valorizar o essencial — porque gerir uma câmara envolve bem mais do que aparecer para a fotografia ao lado do corso.
Se o Carnaval é a altura de usar máscaras, a população começa a desejar que a próxima seja a da competência. E quem sabe, num futuro próximo, a Câmara deixe de ser o palhaço involuntário da festa para, finalmente, assumir o papel de verdadeiro maestro desta orquestra comunitária. Até lá, resta-nos esperar que pelo menos as fitas e as grades venham com confettis, para que o disparate tenha ao menos algum brilho.