Ah, o Carnaval de Castelo Branco… o evento que, por um dia, promete abafar as preocupações dos cidadãos com risos, confetes e fantasias. Mas, como tudo o que tem a ver com a autarquia, este ano o desfile infantil, agendado para o 28 de fevereiro, mais do que um simples espetáculo de alegria, já se prepara para ser a paródia de um país político falido. Afinal, quem melhor para se transformar no centro da sátira carnavalesca do que o próprio presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues, o homem que, desde 2021, não conseguiu encontrar a alegria de um grande desfile de Carnaval, tal como encontrou a ambição de se perpetuar no poder?
Leopoldo, que parece não ter apreciado o burburinho das ruas com os carros alegóricos e as cores vibrantes, optou por retirar o desfile tradicional, onde as freguesias e as associações do concelho se uniam num verdadeiro espetáculo de fantasia e tradição. Em vez disso, enveredou por um caminho mais austero e aparentemente desapaixonado pela alegria popular. Porque, como sabemos, nada diz mais sobre a capacidade de um governante do que a sua relutância em abraçar aquilo que o povo mais aprecia, como as festividades tradicionais.
Agora, à medida que as eleições autárquicas se aproximam, ele prepara-se para uma reviravolta “carnavalesca”. O que antes era um também um desfile de adultos, agora será um desfile só de crianças. Crianças que, como sabemos, são seres puros e inocentes, não como os adultos que, com suas piadas e ironias, costumam mostrar ao mundo a verdadeira face do poder. E aqui entra a grande ironia: enquanto os adultos são acusados de maldade em relação à sua figura, é a pureza das crianças que, num ato quase simbólico, desfilam para mostrar o que falta ao presidente — a genuinidade, a clareza e a transparência.
Leopoldo Rodrigues, a estrela de um Carnaval que não sabe se é de risos ou de choros, parece querer usar este desfile como uma tentativa de redimir-se. Mas não é difícil perceber que o desfile infantil, com as suas fantasias alegres e descomplicadas, se torna o palco perfeito para a caricatura do próprio presidente. Como um Pinóquio de madeira, é possível imaginar o senhor presidente empoleirado em cima de um camião, sendo manipulado por fios invisíveis, enquanto é guiado pelos seus “Cinco Mosqueteiros”, assessores fiéis que cortam os fios e movem a marioneta. E, se tivermos sorte, até podemos ver o presidente a ganhar um nariz maior a cada palavra vazia que lança nos anúncios municipais.
Este Carnaval, portanto, promete ser uma festa, mas também uma crítica pública — não aos carnavalescos, mas a quem se esconde atrás de discursos e ações vazias, longe do que realmente interessa: a gestão honesta e a verdadeira conexão com a população. Castelo Branco, com as suas ruas a receberem os passos das crianças, vai ver, inevitavelmente, uma caricatura do próprio Leopoldo, que, em vez de exibir o seu verdadeiro rosto, prefere esconder-se nas sombras da manipulação política.
No fundo, é irónico que, neste ano eleitoral, o presidente só tenha o desfile infantil para mostrar ao povo. Mas, como bem sabemos, o Carnaval, ao contrário da política autárquica, é uma festa em que todos têm a oportunidade de rir — e, para Leopoldo Rodrigues, talvez seja o único momento em que o povo possa rir dele, sem maiores consequências, até porque no final, como todo bom Carnaval, tudo não passa de uma grande encenação.