O que faz com que os cidadãos se dediquem à política (ou a outra atividade qualquer)? O que determina as preferências e os comportamentos de cada um? Naturalmente que serão fatores do contexto e das circunstâncias, mas também da maneira de ser de cada um, da sua personalidade, motivações e disposições.
A teoria motivacional é pródiga em ensinamentos sobre aquilo que faz mover os seres humanos, nos diferentes contextos em que existem e realizam atividades. Procura-se, dir-se-ia em termos muito simples, responder à pergunta “Porquê?”. Não por acaso, Richard Maddock, autor de Motigraphics, considera as motivações “a dimensão mais importante do comportamento humano”.
David McClelland (1917-1998), professor de psicologia em Harvard, continua a ser uma das principais referências académicas, tendo desenvolvido uma teoria explicativa que ficou conhecida pelas Três Necessidades Adquiridas (ou Três Motivos Sociais): Poder (nPOWer), Pertença (nAFFiliation) e Realização (nACHievement).
As Motivações podem ser definidas como estímulos ou impulsos visando satisfazer necessidades, i.e., evitar prejuízos, resolver carências, obter benefícios ou experimentar prazeres. Elas configuram-se em orientações motivacionais e contribuem para a formação da personalidade, moldando os pensamentos, sentimentos e intenções.
As necessidades ou motivações de Poder, decorrem do desejo e objetivo de exercer influência e controlo, de ser ou ter mais do que os outros. As de Pertença, de ser aceite e admirado, de não ser ou ter menos que os outros. E as de Realização, de fazer coisas desafiadoras e alcançar resultados extraordinários, independentemente dos outros.
Todos temos, em diferentes graus, estas necessidades ou motivações, podendo elas estar analogamente distribuídas ou uma delas ser claramente dominante, o que é geralmente usual e notório. Elas não são boas nem más, são o que são, o que poderá ser positivo/aceitável ou negativo/rejeitável são as estratégias de resposta (comportamentos escolhidos) para as satisfazer ou concretizar.
Teremos, em conclusão, políticos e autarcas (ou candidatos a) com orientação motivacional para o Poder, a Pertença ou a Realização. O seu comportamento será provavelmente distinto, mas, em qualquer dos casos, certamente respeitável e aceitável. Com uma condição: ser sempre guiado pela ética e pelos sentidos de serviço e de justiça.