A oposição ao Governo PS não desiste de pedir a demissão de João Galamba. Da direita à esquerda, todos dizem que se o ministro das Infraestruturas já não tinha condições para se manter no executivo, depois da audição na CPI, ficou ainda com menos credibilidade. Em causa está sobretudo quem informou o SIS e quem sabia que o SIS estava em ação para recuperar o computador que o ex-adjunto levou para casa. E querem António Costa na Comissão Parlamentar de Inquérito.
Luís Montenegro, líder do PSD, além de exigir a demissão de João Galamba, avançou que até falou com o primeiro-ministro na manhã de quinta-feira e disse a António Costa que a secretária-geral do SIRP, Graça Mira Gomes – que terá acionado o SIS no caso da recuperação do computador de Frederico Pinheiro – deve ser substituída. Uma demissão que, segundo Montenegro, foi recusada pelo primeiro-ministro. Recusa que, segundo Montenegro, faz de António Costa “o único responsável pelas distorções legais e reputacionais” dos Serviços de Informações.
Em causa estão algumas das contradições do ministro durante a audição à CPI. Já na fase final, João Galamba referiu que havia informado o líder do governo do contacto com o SIS, numa chamada telefónica, em aparente contradição com o que tinha dito na conferência de imprensa e também o que o primeiro-ministro havia dito anteriormente. Confrontado com esta situação, o gabinete do PM respondeu apenas que o “primeiro-ministro já disse qual era o seu entendimento sobre o caso e nada mais tem a acrescentar”.
O gabinete de Costa havia indicado a 1 de maio que o primeiro-ministro “não foi nem tinha de ser informado, nem tomou qualquer diligência” junto do SIRP. No mesmo dia, Costa repetiu à RTP a resposta e disse que “ninguém do governo deu ordens para o SIS fazer isto ou aquilo”. “Não houve nenhuma ordem aos serviços de informação nem por parte de um membro do governo nem por parte de São Bento”, reiterou.
A Iniciativa Liberal, Chega e Bloco de Esquerda querem agora que António Costa deponha na comissão de inquérito à TAP, de preferência presencialmente. “Bem sei que há possibilidade de fazer um depoimento escrito, mas creio que na situação de degradação das instituições em que estamos, a democracia ganharia muito se o senhor primeiro-ministro viesse em pessoa prestar esclarecimentos à CPI”, desafiou Rui Rocha, líder da IL.
Pedro Filipe Soares, do BE, anunciou um requerimento com o mesmo objetivo, sustentando que o primeiro-ministro “não pode ficar impávido e sereno” face ao que se passa e que “face à gravidade da matéria, António Costa devia responder presencialmente”.