Depois do corte na península Ibérica esta segunda-feira, que afectou Portugal e Espanha, recordamos dez dos maiores apagões do último século, indicando onde, quando e porquê ocorreram, bem como exemplos portugueses. Saiba as consequências em cada caso.
EM PORTUGAL
Portugal Continental – Dezembro de 1983
Este evento é frequentemente citado como o maior apagão da história de Portugal, tendo afectado praticamente todo o território continental. Ocorreu na noite de 12 para 13 de Dezembro de 1983 e foi causado por uma falha em cascata na rede de muito alta tensão (MAT). Acredita-se que a falha inicial tenha ocorrido numa linha crucial, levando a sobrecargas e desligamentos sucessivos noutras partes da rede, num efeito dominó que mergulhou o país na escuridão por várias horas. As consequências foram vastas, paralisando cidades, interrompendo serviços essenciais (como hospitais, embora estes geralmente tenham geradores), comunicações, transportes e afectando a vida quotidiana e a indústria em larga escala. Este apagão evidenciou a vulnerabilidade de uma rede excessivamente interdependente na altura.
Lisboa e Vale do Tejo/Sul – Junho de 2000
Na tarde de 7 de Junho de 2000, uma falha significativa deixou às escuras grande parte da região de Lisboa e Vale do Tejo, estendendo-se também para sul. A causa apontada foi uma avaria grave numa das principais subestações que abastecem a região (frequentemente mencionada a da Palmela ou infra-estruturas relacionadas), possivelmente devido a uma conjugação de factores como elevada procura de energia e falha de equipamento. Este apagão afectou milhões de pessoas na área mais densamente povoada do país. As consequências imediatas incluíram o caos no trânsito
devido a semáforos desligados, a paragem do Metro de Lisboa, interrupção de serviços, problemas em empresas e um grande impacto no quotidiano dos cidadãos durante várias horas até à reposição gradual da energia.
Lisboa e Sul do País – Fevereiro de 1967
Um apagão de grande dimensão ocorreu a 22 de Fevereiro de 1967, afectando principalmente Lisboa e a região Sul do país. A origem do problema esteve relacionada com uma avaria na linha de alta tensão que ligava a Central Hidroeléctrica de Castelo de Bode à subestação de Sacavém, um ponto vital para o abastecimento da capital e áreas circundantes. A falha nesta infra-estrutura crítica levou a um corte de energia generalizado nessas regiões. As consequências foram a interrupção da actividade normal na capital e noutras cidades do Sul, afectando transportes públicos, serviços, comércio e a vida doméstica de inúmeros portugueses por um período considerável, demonstrando a importância das principais linhas de transporte de energia para a estabilidade do sistema.
NO MUNDO
1. Apagão da Índia (2001)
Onde/Quando: Índia, Janeiro de 2001
Causa: Falha em três das principais redes de distribuição do país.
Consequências: Mais de 220 milhões de pessoas ficaram sem electricidade, afectando indústrias, linhas de comboio e serviços essenciais. O país parou, com grandes impactos sociais e económicos.
2. Apagão dos Estados Unidos e Canadá (1965)
Onde/Quando: EUA e Canadá, especialmente Nova Iorque e Toronto, 9 de Novembro de 1965
Causa: Falha numa estação no Canadá, que sobrecarregou toda a rede eléctrica da região.
Consequências: Cerca de 30 milhões de pessoas sem electricidade durante até 14 horas. Pessoas ficaram presas em elevadores, houve caos no trânsito e paralisação de serviços essenciais.
3. Apagão de Nova Iorque (1977)
Onde/Quando: Nova Iorque, 13-14 de Julho de 1977
Causa: Raios atingiram linhas de transmissão, provocando falhas em cadeia no sistema eléctrico.
Consequências: 25 horas sem energia, caos urbano, pilhagens, mais de 3 mil detenções, prejuízos de milhões de dólares e aumento da criminalidade durante o apagão.
4. Apagão do Brasil (1999)
Onde/Quando: Brasil, 11 de Março de 1999
Causa: Falha numa linha de transmissão, o que desencadeou um efeito dominó no sistema interligado nacional.
Consequências: Mais de 60 milhões de pessoas sem electricidade durante cerca de quatro horas, caos nas metrópoles, paralisação de transportes e serviços.
5. Apagão do Brasil (2009)
Onde/Quando: Brasil e Paraguai, 10 de Novembro de 2009
Causa: Curto-circuito em linhas de transmissão da central hidroeléctrica de Itaipu devido a uma tempestade com raios.
Consequências: 60 milhões de pessoas afectadas no Brasil e 87% do Paraguai sem electricidade durante até cinco horas, paralisação de metros, aeroportos e hospitais.
6. Apagão dos EUA e Canadá (2003)
Onde/Quando: EUA e Canadá, 14 de Agosto de 2003
Causa: Falha em linhas de transmissão no Ohio, o que levou a um efeito cascata.
Consequências: Cerca de 50 milhões de pessoas afectadas, paralisação de fábricas, transportes e serviços, prejuízos bilionários.
7. Apagão da Indonésia (2005)
Onde/Quando: Indonésia, 18 de Agosto de 2005
Causa: Falha numa linha de transmissão na ilha de Java.
Consequências: Metade da população (cerca de 100 milhões de pessoas) ficou sem electricidade durante até 24 horas, o que afectou indústrias, hospitais e transportes.
8. Apagão da Argentina (2006)
Onde/Quando: Buenos Aires, Argentina, 2006
Causa: Incêndio numa subestação de energia.
Consequências: 228 mil pessoas ficaram quase 24 horas sem electricidade, o que parou parte da capital e causou transtornos em hospitais, no comércio e nos transportes públicos.
9. Apagão do Canadá (Tempestade Solar de 1989)
Onde/Quando: Quebeque, Canadá, 13 de Março de 1989
Causa: Tempestade solar que induziu correntes eléctricas na rede do Quebeque.
Consequências: 12 horas sem energia, encerramento de escolas, empresas, metro e aeroporto de Montreal, falhas nos sistemas de aquecimento em pleno Inverno.
10. Apagão da Colômbia (2007)
Onde/Quando: Colômbia, Abril de 2007
Causa: Falha técnica numa subestação próxima da capital, Bogotá.
Consequências: Quase três quartos da população sem electricidade durante mais de duas horas, pessoas presas em elevadores, caos no trânsito e evacuação de estações de metro.
Consequências comuns
Paralisação de transportes públicos (metro, comboios, aeroportos)
Interrupção de serviços essenciais (hospitais, centrais de emergência)
Caos no trânsito urbano (semáforos desligados/apagados)
Pilhagens, aumento da criminalidade e prejuízos económicos
Pessoas presas em elevadores e edifícios
Perda de alimentos e mercadorias perecíveis
Estes episódios demonstram a fragilidade das redes eléctricas e o impacto profundo que grandes apagões têm sobre a vida urbana, a economia e a segurança das populações.