A raíz dos males da democracia não está nos media, está nas políticas públicas falhadas, ou adiadas há demasiado tempo. É essa a causa concreta que do descontentamento e do cansaço dos cidadãos e começou a criar um ambiente de descrença nos partidos tradicionais e na própria democracia, o qual, é aproveitado por oportunistas. Dito isto, com total clareza, é para mim óbvio que alguns dos principais media em Portugal estão a cair com muita facilidade na armadilha dos demagogos. Essa armadilha consiste em armar peixeiradas dentro e fora do Parlamento e chamar os jornalistas para as difundir.
Diariamente se assiste a meros atos de sarrafada partidária no espaço mediático. Proclamações sem conteúdo informativo e até ataques pessoais são apresentados como “noticias” e reproduzidas à exaustão. Há agendas noticiosas demasiado coladas às agendas dos partidos, mesmo quando não existe noticia mas mera ocupação de espaço mediático. A meu ver, tudo deve ser noticiado desde que tenha conteúdo informativo. O espaço noticioso não é um tempo de antena. Se não existe conteúdo não há noticia, trata-se de ocupação de espaço mediático.
O jornalismo não deve aceitar ser parte desse jogo. Leitores, ouvintes e espectadores sentem-se justamemte defraudados.ou até abusados pela vasta presença de não-notícias e de propaganda de líderes partidários em espaços noticiosos. As direções editoriais devem refletir sobre isto. Noticiar o que é notícia e expurgar o que é apenas ruído é cumprir a nobre função de informar e aumentar a sua qualidade. O jornalismo também tem uma responsabilidade social específica. Tem de se auto-analisar e reflectir sobre o seu papel. Sem medos nem complexos.