Na última Assembleia Municipal, transmitida online no site do município, assistimos a uma trágico comédia digna e protagonizada por estes três ilustres senhores da politica local!
Castelo Branco, cidade outrora símbolo de progresso e esperança, encontra-se agora nas mãos de três personagens que mais parecem saídos de uma peça de teatro satírico, protagonizando um espetáculo que oscila entre a comédia de enganos e a tragédia local. O partido socialista, no seu mais puro esplendor, ofereceu-nos três mosqueteiros – ou deveríamos dizer, “moscadeiros” – para assumir o comando da política local.
O primeiro ato desta tragicomédia cabe a Jorge Neves, o Engenheiro da assembleia municipal, que, com o seu cronómetro em punho, controla as intervenções como quem joga uma partida de xadrez mal coordenada. Troca-se nas palavras, tropeça nas ideias, e quando a conversa lhe escapa ao controlo ou se aproxima de terrenos incômodos, corta a fala aos deputados da oposição com a delicadeza de quem esmaga uma barata. A sua eficiência só é superada pela sua rapidez em calar quem ouse incomodar. Rápido na censura, lento nas ideias – talvez o relógio lhe sirva mais para cortar a palavra do que para contar o tempo perdido nas reuniões.
Segue-se o Doutor Leopoldo Rodrigues, presidente da câmara e mestre nas promessas de papel, no qual escreve com uma caneta invisível. Fala de planos e projetos com a autoridade de quem tudo sabe, mas, na prática, o seu currículo de realizações é tão extenso quanto uma nota de rodapé. As suas intervenções públicas são um exercício em ilusionismo, com palavras que brilham por um instante antes de desaparecerem no ar. Cada reunião, uma nova história da carochinha, cheia de coragem para nada fazer. Leopoldo é o estratega da inércia, com a bravura de quem ocupa um cargo grande demais para os seus ombros, mas sem nunca perder o estilo – afinal, a roupa nova do imperador tem que ficar bem.
Por fim, temos o Professor-poeta José Dias Pires, presidente da junta de freguesia, que olha para a política como se fosse um soneto mal rimado. Entre versos e devaneios, encontra sempre tempo para o lirismo da inutilidade, enquanto o seu legado político nada mais é do que uma sequência de rimas pobres. José Dias Pires é aquele que afirma que nada deve à política, o que, ironicamente, reflete na sua ausência de ação. Cego pelo fervor do partido, abraça com carinho a sua posição de “lambedor” do PS, mais preocupado em manter o brilho do sapato partidário do que em governar a freguesia. Um poeta sem obra, um político sem alma.
Estes três moscadeiros, com “cheiro a mofo” e aparência de relíquias perdidas no tempo, representam o pior da velha política, sempre com o tacho bem aquecido. Fazem parte de um triste círculo de poder onde as promessas são ocas, as estratégias fracas e a vontade de fazer algo útil é sempre nula. Castelo Branco está nas mãos de figuras que já enjoam, pela repetição de incompetências e a incapacidade de responder às necessidades dos seus cidadãos.
No entanto, e apesar de toda esta comédia patética, o mais trágico é que estas personagens continuam no palco, reelegendo-se e mantendo os seus lugares, para desespero de quem vê a cidade a definhar, sufocada pela inércia, pelo clientelismo e pelo “mando” vazio destes três incapazes.
E não duvido nem por um instante que, um dia, estes moscadeiros venham a ser homenageados com todo o pomposo aparato que a política de fachada tão bem sabe orquestrar. Haveremos de ver rotundas com o nome de Jorge Neves, com uma placa de bronze a relatar a sua gloriosa carreira de cortar a palavra aos opositores, quem sabe até com um relógio de sol no centro, para simbolizar o seu controlo rigoroso do tempo, mas nunca das ideias.
Não ficaria surpreendido se uma rua estreita, esquecida e mal pavimentada, fosse batizada com o nome de Leopoldo Rodrigues, o homem que tanto prometeu e tão pouco fez, perfeito para uma artéria que leva a lado nenhum. Ou, quiçá, um edifício público – vazio de projetos, claro está – receberá a honra do seu nome, numa tentativa desesperada de o imortalizar como “figura importante” da cidade. Um museu do vazio, com exposições de promessas por cumprir, seria o tributo ideal.
E, para fechar o ciclo, José Dias Pires, o poeta das palavras ocas, poderá muito bem dar o nome a uma praça sem bancos, onde os cidadãos possam meditar sobre a falta de ação, rodeados por estátuas inúteis a refletir a sua inoperância política. Talvez até inaugurem uma escola com o seu nome, numa ironia cruel, como se os seus feitos políticos servissem de exemplo – um exemplo, claro, de como a poesia da política raramente se traduz em algo de concreto.
Tudo isto, claro, será feito em surdina, longe dos olhares críticos, como uma prenda de anos antecipada, um legado encomendado para que os netos possam passear pela cidade com orgulho artificial, apontando para os nomes dos avós gravados nas pedras e nos sinais de trânsito, como se estes tivessem sido os pilares do progresso de Castelo Branco.
A verdade, porém, é que esse “legado” será apenas mais uma camada de pó numa cidade já saturada de mofo. A homenagem aos incapazes é um clássico da política, e, quando estes senhores finalmente se retirarem dos seus cargos, certamente não deixarão de encontrar uma forma de se perpetuarem na paisagem, como se a história da cidade dependesse deles.
Será o último ato desta farsa política: transformar figuras medíocres em monumentos de uma grandiosidade que nunca existiu.
Em Castelo Branco, a política parece uma peça de teatro que se repete infinitamente, com as mesmas figuras a ocuparem os mesmos cargos, ano após ano, como se fosse um filme em loop. Já nem é questão de esperar por mudança – o cheiro a mofo tomou conta da sala. Talvez, um dia, o povo acorde do pesadelo e perceba que esta tragicomédia política já se prolongou demais. Até lá, continuamos a assistir à atuação pífia dos nossos três moscadeiros, que se julgam heróis, mas são apenas figuras cómicas de uma triste farsa local.