O Partido Comunista Português (PCP) questionou, esta sexta-feira, os ministros da Economia e do Trabalho sobre os despedimentos de 364 trabalhadores na fábrica de Ovar da empresa japonesa Yazaki Saltano. O partido alerta que, caso se concretizem, os cortes terão um “impacto social e económico devastador” na região e nas famílias envolvidas.
Em duas perguntas dirigidas aos ministros Pedro Reis e Maria do Rosário Palma Ramalho, o deputado do PCP Alfredo Maia recorda que a Yazaki é um gigante multinacional, especializado na produção de sistemas elétricos, nomeadamente fios, cabos e cablagens para a indústria automóvel, sendo um dos maiores fabricantes internacionais. A empresa, que já teve unidades em Vila Nova de Gaia e em Ovar, chegou a empregar mais de 7.000 trabalhadores no final da década de 90. Contudo, a partir de 1998, a empresa iniciou um processo de deslocalização para Marrocos, o que resultou em sucessivos despedimentos coletivos.
O deputado Alfredo Maia sublinha que os despedimentos em Ovar representam uma nova e grave ameaça para a comunidade local, com a diminuição de postos de trabalho a afetar diretamente o rendimento de muitas famílias. O PCP questiona o Governo sobre se a Yazaki Saltano tem beneficiado de apoios públicos, tanto nacionais como comunitários, e qual o montante desses apoios. O partido quer ainda saber se foram estabelecidas garantias para a manutenção dos postos de trabalho, caso tenha ocorrido algum tipo de apoio financeiro.
Além disso, o PCP dirigiu uma outra questão à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, perguntando que medidas o Governo irá tomar para “salvaguardar todos os direitos dos trabalhadores” e garantir que os despedimentos não se concretizem.
A empresa justifica a redução de efetivos em Ovar com a “atual situação crítica da indústria automóvel europeia”, que tem provocado uma queda significativa nas vendas. A fábrica de Ovar é uma das mais afetadas pela crise do setor, com a empresa a não prever uma recuperação a longo prazo. A Yazaki Saltano já iniciou o processo de consulta com os sindicatos e os representantes dos trabalhadores para definir os contornos da medida.
Em resposta a esta situação, a Câmara Municipal de Ovar mostrou-se disponível para apoiar os trabalhadores afetados, através de diversas medidas de apoio social. O município garante que irá continuar a monitorizar a situação e a apoiar os trabalhadores da fábrica de componentes automóveis Yazaki Saltano na transição para novas oportunidades.