O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, criticou duramente as declarações feitas pelo ministro da Defesa, Nuno Melo, sobre a soberania de Olivença, considerando-as “inusitadas” e “muito graves”
Durante uma reunião com a Federação Nacional dos Médicos, o líder socialista mostrou-se curioso com o impacto potencial da afirmação nas relações diplomáticas entre Portugal e Espanha, e lamentou que esta não tenha sido coordenada com os principais responsáveis do Governo.
Pedro Nuno Santos destacou que afirmações relativas à política externa “exigem tato e sentido de diplomacia”, apontando que o comentário de Nuno Melo deveria ter sido articulado anteriormente com o ministro dos Negócios Estrangeiros e o primeiro-ministro. O líder do PS sublinhou que as responsabilidades recaem sobre quem chefia o Governo, para permitir que os seus ministros façam declarações de grande peso sem cooperação interna.
Nuno Melo defendeu publicamente que Olivença “é portuguesa” e que tal está “estabelecido por tratado”, uma posição que reforça ao afirmar que “não se abdica dos direitos quando são justos”. O ministro da Defesa sublinhou que a sua afirmação “não é provocação”, e referiu que sempre defendeu esta questão, desde o tempo em que era eurodeputado no Parlamento Europeu.
Olivença é uma cidade na zona raiana que Portugal reivindica como sua desde o Tratado de Alcanizes, em 1297. Contudo, a cidade permanece sob administração espanhola desde a sua anexação, tendo Espanha reconhecida formalmente a soberania portuguesa no Congresso de Viena, em 1817, sem nunca restituir a localidade a Portugal.
A polémica em torno da soberania de Olivença continua a marcar o discurso político e a levantar questões sobre a sensibilidade diplomática necessária nas relações ibéricas.