Manuel Pizarro, atual Ministro da Saúde, terá metido uma ‘cunha’ ao Presidente da câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues para contratar um militante socialista. O pedido foi feito quando Pizarro era presidente do PS Porto, vereador da oposição socialista na autarquia portuense e eurodeputado. Pizarro confirma o pedido mas diz que não pressionou o autarca de Gaia. “Foi um pedido para ajudar a pessoa”, disse Pizarro esta sexta-feira.
O caso veio agora a público, à boleia da Operação Babel, no qual os autarcas de Gaia terão estado sob investigação durante os últimos anos, por suspeitas de corrupção em negócios imobiliários.
As escutas aos telefones apanharam, outras matérias, Pizarro a meter uma cunha ao presidente da câmara de Gaia, para este facilitar a transferência para a autarquia gaiense de um funcionário que trabalhava no município de Gondomar. O alegado beneficiário era um militante do Partido Socialista que tinha sido presidente de uma junta de freguesia da cidade do Porto.
O inquérito refere que, na sequência deste pedido, terá sido aberto um concurso para a contratação de um técnico superior na câmara de Gaia.
O gabinete do ministério da Saúde começou por afirmar que Manuel Pizarro não foi contactado no âmbito deste inquérito e que desconhece quaisquer suspeitas.
Mas, esta sexta-feira, foi o próprio Manuel Pizarro acabou por confirmar que, efetivamente existiu o referido telefonema, mas desvalorizou a questão, negando que se tratou de meter uma “cunha”, para o militante socialista.
Contudo, Manuel Pizarro puxou pela memória e acabou por dar mais informações sobre a situação.
“Eu falei de uma pessoa que lhe dava jeito passar de uma câmara para a outra, que é a câmara da sua residência. Eu conheço a pessoa em causa, é assistente operacional e pediu-me ajuda para mudar para a câmara de Gaia. Não pedi nenhum tratamento de exceção. Apenas perguntei se havia vagas. Não pressionei ninguém. Foi apenas para ajudar a vida dessa pessoa”.
O referido funcionário concorreu então ao concurso para Técnico Superior na autarquia, uma categoria para a qual não teria condições nem as habilitações exigidas. Ficou em segundo lugar nesse concurso e por isso, não foi colocado. Não se sabe ainda se o referido amigo de Pizarro manteve o emprego na Câmara de Gondomar, com a categoria de Assistente Operacional, ou se transitou para outra autarquia, ao abrigo do regime de mobilidade na Administração Pública.
A investigação a este caso, considerou que Manuel Pizarro exerceu pressão sobre Eduardo Vítor Rodrigues, para contratar uma pessoa para a Câmara de Gaia, e que o concurso terá sido aberto para dar resposta ao então eurodeputado.
O agora Ministro da Saúde disse ainda não ter ainda sido inquirido pelas autoridades sobre este assunto.