A Plataforma de Defesa da Albufeira de Stª Águeda / Marateca congratula-se com o cancelamento do regadio sul da Gardunha, Bloco da Marateca, mas alerta para o facto de a albufeira estar assoreada e eutrofizada e, por isso, exige que seja avaliada e dragada a albufeira.
A Plataforma de Defesa da Albufeira de Santa Águeda/Marateca congratulou-se esta quinta-feira com o cancelamento do projeto para o Aproveitamento Hidroagrícola da Gardunha Sul – Bloco da Marateca, que previa a captação de água naquela albufeira.
“Em aditamento a algumas posições públicas de especialistas na matéria, que já realçaram os impactos ambientais negativos do regadio, a enorme redução da capacidade útil da albufeira para consumo público e o previsível aumento dos custos de tratamento da água da albufeira, a Plataforma congratula-se com o cancelamento do Regadio Sul da Gardunha – Bloco da Marateca”, afirmou Samuel Infante, porta-voz da Plataforma e membro do núcleo regional de Castelo Branco da Quercus, durante uma conferência de imprensa.
A Plataforma de Defesa da Albufeira de Stª Águeda / Marateca diz ter ”acompanhado os desenvolvimentos relacionados com o Regadio Gardunha Sul – Bloco da Marateca, que abrange os concelhos de Castelo Branco e Fundão, numa área conjunta de 2000 ha e que previa a captação de água na referida albufeira”, que está assoreada e eutrofizada.
Segundo a Plataforma, o cancelamento do ”regadio sul da Gardunha é uma boa noticia, mas a albufeira está assoreada e eutrofizada e a Plataforma vai exigir ás autoridades que seja efetuada uma avaliação do assoreamento, uma dragagem de forma a recuperar a capacidade de armazenamento e a qualidade da água, que se encontra eutrofizada devido a contaminação por fosforo, de águas residuais, dos lixiviados da agricultura, do gado e das más práticas agrícolas incluindo na faixa de proteção e na faixa reservada”.
A plataforma, acrescenta em comunicado, que fez um ”estudo conservador e estima que o assoreamento atual seja de 45% com 15,5 hm3, o que reduz de forma muito relevante, o volume de água disponível para consumo da população”.
Por outro lado, a Plataforma entende que o ”plano de ordenamento da albufeira ( POASAP), publicado em 2005 e que devia ter sido revisto em 2015, conforme mencionado no seu artigo 39, deve ser revisto com urgência e alargado, pois a faixa de proteção é diminuta e ainda assim nos últimos 19 anos, não conseguiu proteger devidamente a albufeira”.
Por isso, defende a necessidade de elaboração de ”um plano integral que considere toda a bacia que drena para a albufeira e concretizar no terreno efetiva fiscalização, eliminando as ilegalidades reiteradamente denunciadas pela Plataforma, mas que persistem no terreno: construções ilegais, destruição de carvalhais, vedações ilegais e ocupações de terrenos públicos, agricultura intensiva ilegal, violações ao código de boas práticas agrícolas, etc”.
Rio Ocreza sem caudal Ecológico
O comunicado adianta ainda que ”algumas entidades da Plataforma têm recebido denúncias de pequenos agricultores, criadores de gado e outros utilizadores, que a jusante da Albufeira, o Rio Ocreza não tem água em diversos troços pelo que não estará a ser cumprida a descarga da albufeira, do caudal ecológico”.
Devido a isso, a Plataforma salienta que ”irá sensibilizar e alertar, mais uma vez, as autoridades para que fiscalizem esta situação e garantam que o caudal ecológico é libertado no rio, de forma a manter as funções básicas ecológicas de suporte ao ecossistema”.
A Plataforma, acrescenta o comunicado, ”irá continuar a acompanhar a situação da albufeira e a pressionar as autoridades para que de futuro, caso seja construída a barragem do Barbaído, apenas seja permitido regadio a jusante da Albufeira, de modo a prevenir a contaminação da massa de água pelos lixiviados da agricultura intensiva, nomeadamente fertilizantes, pesticidas, herbicidas e o próprio assoreamento”.