Miguel Poiares Maduro, antigo ministro e ex-professor universitário, defendeu ser essencial que as redes sociais adotem princípios do jornalismo, incluindo normas deontológicas e a edição criteriosa de conteúdos. Na sua intervenção em Lisboa, durante uma sessão organizada pela Agência Lusa, Poiares Maduro destacou que o consumo de informação se tem afastado dos meios tradicionais e deslocado para plataformas digitais, levando a novos desafios para a qualidade e a transparência da informação consumida.
“Não acredito que possamos reverter totalmente esta tendência e levar as pessoas a consumir exclusivamente informação proveniente dos meios de comunicação tradicionais. No entanto, é fundamental que os mesmos padrões jornalísticos, tanto éticos como editoriais, sejam integrados nas redes sociais,” afirmou Poiares Maduro, salientando a importância de combater a desinformação e a manipulação através de critérios mais rigorosos na edição dos conteúdos digitais.
Questionado sobre as restrições impostas pelo executivo de Luís Montenegro ao número de perguntas permitido nas conferências de imprensa, Poiares Maduro opinou que o foco deveria estar na duração das mesmas e não na limitação de perguntas por órgão de comunicação. “O limite deve ser temporal e não no número de questões, assegurando-se a rotatividade dos órgãos presentes para evitar favorecimentos. Esta abordagem garante a transparência e a equidade entre todos os meios de comunicação,” acrescentou.
O evento, inserido no programa de formação do Parlamento Europeu promovido pela Lusa para jovens jornalistas, abordou temas como a influência das redes sociais na política e a comunicação moderna. Poiares Maduro encerrou a sua intervenção reafirmando a necessidade urgente de uma adaptação dos princípios jornalísticos à realidade digital, de forma a preservar a qualidade da informação e a confiança do público.