Portugal é o 8.º país mais bem preparado para combater a obesidade, de acordo com o ranking World Obesity Atlas 2023, da World Obesity Federation, que analisa 183 países.O resultado, conhecido esta segunda-feira – Dia Nacional de Luta Contra a Obesidadedeve-se – deve-se às medidas de promoção da saúde desenvolvidas pela Direção-Geral da Saúde, através do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável. Desde 2004 que a obesidade é reconhecida em Portugal como uma doença crónica.
No 8.º lugar no ranking, Portugal é superado pela Suíça, Finlândia, Noruega, Islândia, Suécia, França e Reino Unido e destaca-se face aos países do Sul da Europa com poder económico semelhante. E não há grandes segredos para combater a obesidade: alimentação saudável, redução de açúcares, gorduras e sal, ingerir menos alimentos em refeições mais espaçadas e exercício físico. Parece fácil, mas para quem a nível genético, tem propensão para engordar, é um verdadeiro inferno cumprir uma dieta adequada.
O bom resultado de Portugal é, entre outros aspetos, explicado pelo facto de terem sido aplicadas várias medidas na área da promoção da saúde, nomeadamente da alimentação saudável e da atividade física. São exemplos destas as ações que visam legislar a redução do sal nos alimentos, como o teor máximo de sal no pão.
Destaca-se, também, a capacidade das unidades de Cuidados de Saúde Primários em identificarem precocemente e darem resposta a patologias associadas à obesidade, como é o caso da diabetes ou das doenças cardiovasculares. A existência de Programas de Saúde Prioritários na DGS – alimentação saudável, atividade física, diabetes, doenças oncológicas e cardiovasculares – teve também um contributo importante para os resultados.
Combater a obesidade não chega para emagrecer a população portuguesa
Apesar de a posição no ranking ser encorajadora, este relatório refere algumas projeções preocupantes: em 2035, a percentagem de adultos com obesidade em Portugal será de cerca de 39% – um aumento de 2,8% por ano. Além do impacto direto na saúde dos portugueses, se estas projeções se confirmarem, a despesa da saúde para mitigar problemas causados pela obesidade será equivalente a 2,2% do PIB em 2035.
Atualmente, cerca de 53% da população portuguesa é considerada obesa, com uma prevalência crescente, também, nas faixas etárias mais jovens, pelo que esta doença é considerada um problema de saúde pública muito significativo. Considera-se obesidade a presença de um Índice de Massa Corporal igual ou superior a 30.
Doenças graves e mortais associadas à obesidade
As pessoas com obesidade têm um risco acrescido para o aparecimento de outros problemas de saúde. Os mais comuns são diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, enfarte do miocárdio e diversos tipos de cancro, como o do cólon ou da mama. A obesidade está, também, relacionada com problemas respiratórios e problemas articulares.
Esta doença é multifatorial, causada pela ingestão de calorias – sobretudo, em forma de açúcares e gorduras, em maior quantidade do que aquelas que são necessárias ao funcionamento do organismo, coexistindo, paralelamente, fatores genéticos, que podem influenciar a taxa metabólica de cada indivíduo e, assim, tornar a perda de peso mais difícil.
Obesidade infantil é a sétima pior na região europeia da OMS
Portugal é o sétimo pior, entre os 53 países da região, com cerca de 36% das crianças, entre os 5 e os 9 anos, com excesso de peso, das quais quase 15% sofre de obesidade. A média dos Estados-membros da União Europeia (UE) é de cerca de 32%, incluindo 12% com obesidade, enquanto em Itália, o pior país da região europeia da OMS, as percentagens são de 42% com excesso de peso, incluindo 17% obesas.
No caso das crianças e adolescentes de 10 a 19 anos, Portugal não está tão mal, com 30% com excesso de peso, dos quais cerca de 8% sofre de obesidade, acima da média da UE (cerca de 27%) no primeiro caso, enquanto a percentagem de obesos é praticamente a mesma (perto de 8%).
Pandemia Covid 19 ajudou a engordar o mundo
Ainda não há dados científicos oficiais e comprovados, mas alguns estudos já indicam que a população mundial engordou no período da pandemia da Covid 19. A obrigatoriedade de ficar em casa muito tempo levou a uma vida muito sedentária com alguns exageros a nível da alimentação, quer na qualidade, quer na quantidade. A impossibilidade de atividade física em ginásio e mesmo ao ar livre, ajudou a aumentar o peso de muitas pessoas, inclusive as crianças que ficaram demasiado tempo frente à televisão, sem poder perder calorias a brincar, a correr, ou praticar algum desporto escolar.