No século XV, Portugal navegou pelos mares desconhecidos, desvendando novos mundos e deixando a sua marca em continentes distantes. Hoje, em pleno século XXI, o país resume-se a um pequeno rectângulo plantado à beira-mar, com as suas ilhas atlânticas, Madeira e Açores. A outrora gloriosa nação dos Descobrimentos encontra-se agora num impasse, como um actor secundário no palco europeu, perdendo gradualmente a sua identidade e relevância.
Olivença, território que é português por direito mas onde se fala espanhol, continua a ser uma ferida aberta que nunca cicatriza. Enquanto isso, assistimos à Volta à Espanha a começar em Lisboa, a nossa capital, e a parar em Castelo Branco antes de cruzar a fronteira. Este evento desportivo, amplamente promovido pelos meios de comunicação, levanta questões pertinentes: terá Portugal já se transformado numa província espanhola? Ou será este um prelúdio para uma internacionalização futura, onde a Volta a Portugal poderá começar em Madrid e atravessar a Raia, ou até partir de Paris, descendo por Espanha até ao nosso território?
Com as fronteiras abertas e a diluição cultural que isso acarreta, deparamo-nos com uma desconcertante realidade: a nossa identidade está em risco. Somos membros desta Europa Unida, onde qualquer dia poderemos ouvir fado em Bruxelas ou Sevilha, enquanto nós, em Lisboa, entoamos Edith Piaf ou Moustaki. Caminhamos para um futuro onde a nossa casa cultural se torna uma mera casa alugada, ocupada por influências estrangeiras.
Os nossos governantes, embriagados pelo delírio de uma integração europeia sem reservas, parecem esquecer a rica história de conquistas e começam a entregar o ouro ao bandido. O povo português, que outrora foi pioneiro dos mares, vê-se agora reduzido a serviçal de mesa para a Europa dos ricos, cada vez mais pobre e com um pensamento franciscano. No entanto, somos ricos em espírito e resiliência, mantendo viva a esperança de que Portugal encontrará o seu caminho, preservando a sua identidade e dignidade.