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Portugal e o fim da utopia socialista, a mudança inevitável

Durante quase meio século, Portugal prendeu-se a uma promessa que nunca se concretizou. Acreditou-se que o socialismo traria justiça, igualdade e progresso, mas a realidade tornou-se bem dura e diferente. O que tivemos foi atraso económico, dependência crónica de fundos europeus e um empobrecimento que atingiu não apenas os rendimentos, mas também as aspirações.

O país envelheceu sob o peso de um modelo que, em nome da protecção, trocou a ambição pela resignação, substituiu o mérito pelo favoritismo partidário e transformou a liberdade individual numa tutela do Estado em que tudo regula e tudo condiciona.

A utopia que tantos defenderam com entusiasmo acabou por paralisar o espírito de iniciativa e por esvaziar o sentido de responsabilidade. E hoje, os factos falam mais alto do que os slogans. Temos uma sociedade mais dividida e menos livre e não se deve ignorar a verdade dos factos.

O que foi concebido como um escudo social tornou-se um entrave estrutural. O que deveria servir para emancipar os cidadãos passou a controlá-los. A intenção de proteger os mais frágeis transformou-os em reféns de um sistema que não serve o bem comum, mas apenas os que dele dependem e dele tiram proveito.

Esta inversão, trágica e reveladora, explica boa parte da decadência nacional. Na obsessão por nivelar por baixo, sacrificou-se a ambição. Em vez de se incentivar o cidadão, eliminou-se o mérito. Em vez de redistribuir, privilegiou-se a cor rosa do cartão partidário.

O resultado está à vista de todos. Temos um país parado, atrasado, cada vez mais dependente e sem visão de futuro.

Então, vale a pena perguntar. Afinal, o que é que nos deu o socialismo? A resposta é dura, mas percebida por todos nós. Dois milhões de portugueses que vivem na pobreza. Um Serviço Nacional de Saúde que colapsa e que deixa morrer quem mais precisa de ajuda. Uma escola pública capturada pela ideologia woke que sacrifica a exigência e o conhecimento e impõe a ideologia identitária com o objectivo de doutrinar as crianças e os jovens. Uma economia sufocada com impostos. A burocracia a paralisar o investimento e a iniciativa privada. A juventude, sem horizontes e com sonhos destruídos, a olhar para a emigração como a única saída.

Este falhanço estrutural não foi acidental, foi uma estratégia deliberada. Para encherem os bolsos, cultivaram a dependência porque um cidadão dependente vota mais facilmente em quem lhe dá o balde da ração, mesmo que esse mesmo Estado lhe corte as asas. Como escreveu Maquievel, com uma brutal lucidez, “Se os porcos pudessem votar, o homem que trouxesse o balde de comida seria sempre eleito, não importando quantos porcos tivesse abatido”.

No cerne da crise está um sistema que privilegia a obediência e penaliza a independência, convertendo os eleitores em reféns e transformando a governação num terreno fértil para o clientelismo, o caciquismo, o nepotismo e a dependência partidária. O socialismo, na forma como foi praticado, não colapsou apenas do ponto de vista técnico, mas sofreu

também uma falência moral profunda. O Estado, que por princípio deveria estar ao serviço do cidadão, passou a instrumentalizá-lo em benefício próprio. A justiça social, outrora nobre e necessária, foi capturada por lógicas de poder e reduzida a uma ferramenta de assistencialismo político. Os partidos de esquerda e da extrema-esquerda converteram o voto numa moeda de troca, sustentando-se numa teia de dependência que assegura a sua sobrevivência eleitoral à custa da dignidade dos cidadãos que foram condicionados a escolher entre liberdade e subsistência.

Margaret Thatcher, com a clareza que a distinguia, antecipou este desfecho, “O problema do socialismo é que, mais cedo ou mais tarde, o dinheiro dos outros acaba”. O que resta são contas públicas em desequilíbrio, bancarrotas históricas, um Estado fora de controlo e contribuintes sobrecarregados, não só financeiramente, mas também emocionalmente. A tal solidariedade de que tanto se falou revelou-se, afinal, uma forma disfarçada de servidão. Winston Churchill, em 1945, traduziu o dilema com uma ironia certeira, “O defeito inerente do capitalismo é a partilha desigual das bênçãos, a virtude inerente do socialismo é a partilha igual das misérias”.

Durante anos, pareceu não haver alternativa, mas a 18 de Maio de 2025 os portugueses disseram basta. Nas urnas, rejeitaram não apenas uma proposta de governo, mas uma ideologia política e utópica. Mais do que uma mudança de ciclo, foi uma rejeição do conformismo e da mentira, um corte claro com o fatalismo instalado.

Essa rejeição foi também uma afirmação. Um sim à responsabilidade, um sim à ambição, um sim ao esforço recompensado.

Mas mais do que mudar de rostos é preciso mudar de princípios.

O conservadorismo apresenta-se, hoje, como a única alternativa séria e credível. É uma visão de futuro ancorada em três pilares fundamentais, liberdade individual, justiça produtiva e integridade do Estado. A liberdade individual devolve ao cidadão o poder de decidir sobre a sua vida, sem a interferência asfixiante do Estado. A justiça produtiva rompe com a cultura da subsidiodependência e recentra o progresso no mérito, no trabalho e na iniciativa. A integridade do Estado exige instituições que sirvam os portugueses e não estruturas corrompidas e capturadas por redes de interesses e aparelhos partidários.

A história não engana. Sempre que o Estado tenta substituir o indivíduo, o resultado é pobreza, frustração e desilusão. Pelo contrário, quando o Estado cria condições para que o talento floresça, os resultados são surpreendentes. Portugal precisa, mais do que nunca, de um Estado que capacite em vez de controlar. Hoje temos uma oportunidade única. Com o fim do ciclo de decadência, a vontade dos portugueses expressa nos votos exige reconstrução, envolvimento cívico e coragem colectiva. Recordemos as palavras de George Shaw, “Liberdade significa responsabilidade. É por isso que a maioria dos homens a teme”. Talvez, por isso, tantos tenham preferido a tutela do Estado à exigência da liberdade. Mas esse tempo terminou. A pá de cal que enterrou o socialismo marcou o início de uma nova era. A data, 18 de Maio de 2025, foi mais do que uma eleição. Foi o momento em que a esperança reencontrou voz e a utopia socialista se despediu levando consigo algumas das páginas mais negras da nossa democracia.

Temos uma história rica, uma cultura sólida e valores enraizados que não podem continuar a ser sacrificados no altar do oportunismo ideológico. A reconstrução de Portugal não se fará com fórmulas gastas, com promessas vazias nem com os políticos incapazes com que o socialismo nos brindou. Exige coragem política, verdade sem rodeios, visão estratégica para o País e acção coerente com os princípios que muitos apregoaram, mas que poucos cumpriram.

Se formos capazes de reconhecer, com coragem e lucidez, aquilo que falhou e se tivermos a determinação de não repetir os mesmos erros, então sim, estaremos prontos para virar a página da ilusão. E, quando isto acontecer, podemos finalmente aspirar a mais do que a promessa estéril da utopia socialista. Podemos ambicionar uma sociedade livre, meritocrática e próspera onde o futuro pertença aos que ousam construir e não apenas aos que exigem receber. É o tempo de Portugal, com responsabilidade, com verdade e com esperança.

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Mario Diniz
Mario Diniz
Gestor de empresas

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