Com praticamente todos os votos contados, o Partido Popular espanhol venceu as eleições com 33% e 136 lugares no Congresso dos Deputados, mais 47 do que obtivera em 2019. Os socialistas ficam com 31,7% dos votos e 122 deputados, mais dois do que na legislatura cessante.
Não houve uma vitória esmagadora do Partido Popular (PP, centro-direita) nem uma derrota cataclísmica do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda). Os resultados das legislativas antecipadas realizadas em Espanha este domingo não permitem indicar quem governará, mas desmentem as notícias de morte política do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez, anunciada pelo seu adversário conservador, Alberto Núñez Feijóo, que pretendia “derrubar Sánchez e revogar o sanchismo”.
O PP venceu as eleições ao conseguir 136 deputados, seguido do PSOE com 122. O Vox ficou em terceiro lugar com 33 lugares e o Sumar em quarto com 31 lugares. O bloco da direita fica na frente com 169 lugares contra 153 da esquerda, ou seja, uma diferença de 16 deputados. No entanto, nenhum tem o número de deputados necessário (176) para obter a maioria absoluta.
Por isso, existem vários cenários possíveis de governação, perante este resultado provisório: coligação do PP com o Vox, uma vez que têm, para já, 169 deputados; coligação PSOE com o Sumar, que têm 153 deputados; e coligação do PSOE com o Sumar, ERC, EAJ-PNV, EH Bildu e BNG, que têm, para já 172 deputados.
Perante este cenário, o líder do Partido Popular, Alberto Núñez Feijóo, na sua primeira intervenção pública, após terem sido conhecidos os resultados eleitorais, pediu para “que ninguém se sinta tentado a bloquear Espanha”.
No seu discurso de vitória, na sede da formação em Madrid, afirmou: “a nossa obrigação agora é que não se abra um período de incerteza em Espanha. Os espanhóis deram um voto de confiança ao PP e também pediram a todos os partidos do arco parlamentar que dialogassem. Como candidato do partido mais votado, creio que o meu dever é abrir o diálogo para conduzir esse diálogo desde o primeiro minuto e tentar governar o nosso país de acordo com os resultados eleitorais e a vitória eleitoral”.
“Me encarrego de iniciar o diálogo para formar um Governo de acordo com a vontade da maioria dos espanhóis expressa nas urnas neste mesmo domingo e peço formalmente que ninguém fique tentado a bloquear Espanha novamente”, declarou.
Antecedendo as declarações do líder do PP, Pedro Sánchez, líder socialista, e Yolanda Díaz, do Sumar, congratularam-se com os resultados eleitorais, que deram uma ligeira vantagem aos partidos de esquerda.
O ainda chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, salientou: “Conseguimos mais votos e mais assentos do que há quatro anos”.
Perante os apoiantes socialistas, que não se cansaram de gritar: “Presidente! Presidente!” Sánchez realçou que os espanhóis foram muito claros, porque “o bloco que representava o retrocesso e a derrogação de tudo o que conquistámos nos últimos quatro anos fracassou”.
Já Yolanda Díaz, líder do Sumar, afirmou, na sede do partido em Madrid: “ganhamos. Hoje temos um país melhor”.
“A partir de amanhã, temos que continuar a conquistar direitos e prometemos continuar a fazê-lo. Mais direitos para mulheres, pessoas LGTBI e trabalhadores e trabalhadoras”, reivindicou. “A partir de amanhã iniciarei um diálogo com todas as forças progressistas do nosso país para garantir o Governo em Espanha”, prometeu.
Incertezas…
Mas, dado o resultado das eleições, a chave do governo de Espanha pode ter de novo ficado nas mãos de partidos de âmbito regional e local. Tal como era antecipado pelas sondagens.
Alberto Nuñez Feijóo vence o sufrágio, mas não consegue formar governo (nem sozinho nem em coligação com o partido de extrema-direita Vox). Da mesma forma, também o PSOE de Pedro Sanchéz fica aquém do número de lugares necessários para a maioria do parlamento.
No entanto, PSOE e Sumar poderão ter mais lugares no parlamento do que a direita e a extrema-direita por causa dos deputados eleitos pelos partidos regionais que tiveram como aliados na última legislatura.
Segundo as contas dos meios de comunicação social espanhóis, o PP, o VOX e outros partidos que em 2019 votaram contra a investidura do atual Governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez têm agora 171 deputados, enquanto o bloco que viabilizou o executivo tem 172.
Nova legislatura a 17 de Agosto
Segundo a lei espanhola, o Congresso dos Deputados saído das eleições de domingo vai formar-se no próximo dia 17 de Agosto e aí se inicia a nova legislatura.
Os grupos parlamentares podem depois apresentar ao Congresso candidatos a primeiro-ministro, que têm de ser votados pelo plenário.
Não existe um prazo para a apresentação e votação de um candidato, mas se a primeira eleição falhar, o Congresso tem depois dois meses para fazer novas votações e eleger um primeiro-ministro.
Se passados esses dois meses falharem todas as tentativas de investidura de um primeiro-ministro, o Rei de Espanha dissolve automaticamente as Cortes e haverá novas eleições.