Cerca de 750 pessoas foram detidas na Venezuela durante os protestos contra a reeleição do Presidente Nicolás Maduro, conforme anunciou esta terça-feira o procurador-geral, que avisou que “o número pode aumentar”.
“Um número preliminar de 749 delinquentes detidos”, disse Tarek William Saab em declarações à imprensa, sublinhando que a maioria foi acusada de “resistência à autoridade” e, em casos mais graves, de terrorismo. As autoridades reportaram a morte de pelo menos três pessoas e dezenas de feridos nos protestos ocorridos em várias cidades do país.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) atribuiu a vitória ao Presidente Maduro com pouco mais de 51% dos votos, à frente do principal candidato da oposição, Edmundo González, que obteve 44% dos votos. No entanto, a oposição e parte da comunidade internacional contestam os resultados, exigindo mais transparência e uma análise detalhada das atas eleitorais.
Nos últimos dias, as forças de segurança do Governo venezuelano detiveram pelo menos quatro elementos da oposição, três deles figuras de destaque, segundo a imprensa local. Entre os detidos está Freddy Superlano, dirigente do partido Vontade Popular e coordenador do movimento opositor Com a Venezuela, Rafael Sivira, coordenador juvenil do partido Causa R, e José Ramón Díaz, ex-presidente da Câmara Municipal de Marcano.
As detenções ocorreram em meio a uma onda de protestos intensos, com vídeos partilhados nas redes sociais mostrando multidões nas ruas e confrontos com as autoridades. O político Díaz foi levado para a sede local do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC) sem explicações oficiais sobre os motivos da sua detenção.
Esta segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato consecutivo (2025-2031), com 51,2% dos votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados oficiais.
A oposição venezuelana reivindica a vitória nas presidenciais de domingo, alegando que González Urrutia obteve 70% dos votos. María Corina Machado, uma das líderes opositoras, recusou reconhecer os resultados proclamados pelo CNE e convocou uma manifestação de protesto para esta terça-feira nas principais cidades do país. Simultaneamente, em Caracas, os apoiantes de Nicolás Maduro também sairão às ruas em defesa dos resultados divulgados pelo CNE.
Vários países, incluindo Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, felicitaram Maduro pela vitória. No entanto, outras nações, como Portugal, Espanha e Estados Unidos, expressaram grande preocupação com a transparência do processo eleitoral na Venezuela.
Nove países latino-americanos – Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai – solicitaram uma “revisão completa” dos resultados eleitorais na Venezuela, país que conta com uma significativa comunidade de portugueses e lusodescendentes.