O Partido Socialista dos Açores afirmou ontem que o início do ano letivo veio “desmentir a propaganda” do Governo Regional, liderado pela coligação PSD/CDS-PP/PPM. A oposição critica duramente a falta de professores, assistentes operacionais e equipamentos, enquanto o Governo defende que está a corrigir erros deixados pelos anteriores executivos socialistas.
Na primeira sessão plenária após as férias, a deputada socialista Inês Sá denunciou a falta de mais de 100 docentes e 200 assistentes operacionais nas escolas açorianas. “Este início de ano letivo expõe a impreparação do Governo Regional, com várias falhas a afetarem o funcionamento normal das escolas”, afirmou a deputada, sublinhando que o Governo apressou a abertura das escolas numa tentativa de antecipar o início das aulas em relação ao continente, sem garantir as condições necessárias.
No debate, o deputado Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, reforçou as críticas, considerando este “o pior início de ano escolar das últimas décadas nos Açores”, e apontou que muitas escolas “estão em degradação visível”. O Bloco de Esquerda, pela voz de António Lima, também se mostrou preocupado com os problemas registados, nomeadamente a falta de professores, atrasos nos manuais escolares e dificuldades com os transportes.
Do lado do Governo Regional, a secretária da Educação, Sofia Ribeiro, admitiu dificuldades, mas defendeu que a maioria dos docentes foi colocada a tempo, com 98,3% das vagas preenchidas na primeira fase. A governante salientou ainda que a atual coligação está a corrigir “erros do passado”, referindo-se à gestão socialista que, segundo afirmou, contribuiu para os problemas no setor educativo.
Os deputados da coligação no poder, como Pedro Pinto (CDS-PP) e Délia Melo (PSD), desvalorizaram as críticas da oposição, acusando o PS de demagogia e lembrando que, durante o seu governo, houve anos em que se afirmava que não eram necessários mais professores. Defendem que, nos últimos quatro anos, foram contratados mais de 600 professores para os quadros, garantindo maior estabilidade à classe docente.
Apesar das tensões no debate, fica clara a profunda divisão sobre a gestão do sistema educativo regional, num momento em que o arranque do ano letivo traz à tona os desafios enfrentados pelo executivo e pela oposição nos Açores.