O Partido Socialista (PS) criticou severamente a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, acusando-a de ter utilizado dados errados durante a audição parlamentar relacionada ao Orçamento do Estado. A polémica centra-se numa correção posterior ao relatório da Saúde, que alterou um saldo inicialmente apresentado como positivo de 600 milhões de euros para um défice de 270 milhões de euros.
A líder da bancada socialista, Alexandra Leitão, considerou a situação “inaceitável” e apontou falhas significativas na informação fornecida pelo Governo. Estas declarações foram proferidas após a conferência de líderes parlamentares, onde o PS levantou preocupações sobre a entrega tardia de relatórios essenciais para os debates na especialidade do Orçamento.
Dados Incorretos e Omissões
Segundo Alexandra Leitão, o relatório inicial do Ministério da Saúde apresentava “omissões e incorreções”, não só relativamente ao saldo estimado para 2025, mas também em relação a indicadores do movimento assistencial do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Seis dias depois, foi enviado um aditamento que, na prática, é uma errata. Essa errata corrigiu vários dos elementos apontados pelo PS. Afinal, o SNS não terá 600 milhões de saldo positivo, mas um défice de cerca de 270 milhões. Além disso, verifica-se uma desaceleração dos movimentos assistenciais do SNS”, explicou.
Para a líder socialista, este episódio comprometeu gravemente a qualidade do escrutínio parlamentar. “A audição foi feita com base em dados errados e omitidos, o que prejudica o trabalho do parlamento e o acompanhamento necessário”, afirmou.
Críticas à Gestão da Ministra da Saúde
Alexandra Leitão não poupou críticas à ministra Ana Paula Martins, acusando-a de manter uma conduta marcada por omissões e erros desde o início do mandato. “Temos assistido a uma constante falta de rigor: omissões no portal da transparência do SNS, erros nos dados divulgados, declarações de desconhecimento que depois são contrariadas por provas de reuniões realizadas. Este é mais um episódio grave”, destacou.
A dirigente socialista também rejeitou a narrativa de que o aditamento enviado fosse um procedimento habitual, afirmando tratar-se claramente de uma errata. “Não podemos aceitar que se considere isto normal. É um erro grave, disponível para quem o queira consultar”, concluiu.
Impacto na Transparência e no Debate Parlamentar
O incidente levanta preocupações mais amplas sobre a transparência do Ministério da Saúde e a qualidade das informações disponibilizadas para sustentar decisões parlamentares. Para o PS, esta situação evidencia a necessidade de maior rigor na preparação e comunicação de relatórios governamentais, especialmente em matérias tão críticas como a saúde pública.
A polémica aumenta a pressão sobre a ministra Ana Paula Martins, que enfrenta crescentes críticas quanto à sua gestão e à fiabilidade dos dados apresentados pelo Ministério da Saúde.