PS defende recondução de Mário Centeno e acusa Ventura de ignorância sobre funcionamento do Banco de Portugal
O Partido Socialista veio hoje a público defender com veemência a recondução de Mário Centeno como governador do Banco de Portugal (BdP), cujo mandato termina a 20 de julho, e acusou o líder do Chega, André Ventura, de demonstrar ignorância e leviandade ao sugerir irregularidades na atuação do banco central.
Em declarações à agência Lusa, o deputado socialista António Mendonça Mendes afirmou que seria necessária uma justificação “muito plausível” para o Governo da Aliança Democrática (AD) não reconduzir Centeno para um segundo mandato. O deputado salientou a competência reconhecida do atual governador, sublinhando que Centeno é “provavelmente das pessoas mais qualificadas em Portugal”.
“O professor Mário Centeno é uma pessoa reconhecida pelos portugueses e pelo setor que supervisiona como alguém muito competente, muito rigoroso e muito independente na sua função”, afirmou Mendonça Mendes, que ocupou a pasta de secretário de Estado dos Assuntos Fiscais em três governos, dois dos quais com Centeno como ministro das Finanças.
A crítica do PS surgiu após declarações de André Ventura, que pediu a audição de Mário Centeno na Assembleia da República. O líder do Chega acusou o governador do BdP de ter retido informações económicas antes das eleições legislativas para beneficiar o Governo da AD, sugerindo manipulação dos timings de divulgação do Boletim Económico da instituição.
Para Mendonça Mendes, as declarações de Ventura revelam um profundo desconhecimento sobre o funcionamento do Banco de Portugal. “A ignorância é muito atrevida”, afirmou, lembrando que o BdP publica os seus boletins económicos com uma calendarização regular e transparente. “Em 2023, 2024 e 2025, o Banco de Portugal divulgou os seus boletins em março, junho, outubro e dezembro”, acrescentou, frisando que essas datas estão previamente definidas.
O PS defende que o atual governador tem conduzido o seu mandato com imparcialidade e responsabilidade. “Mário Centeno nunca, em nenhuma circunstância, exerceu o seu mandato para além daquilo que a lei lhe exige”, garantiu o deputado socialista, em reação às suspeitas lançadas pelo Chega.
Na passada sexta-feira, durante a apresentação do Boletim Económico de junho, Mário Centeno voltou a manifestar abertura para continuar ao serviço do país. “Eu tenho um mandato para cumprir, diria cumprido. Estarei sempre disponível para o país, seja no Governo, seja no Banco de Portugal, seja numa universidade a fazer o que gosto mais, que é falar”, declarou.
A decisão sobre a eventual recondução de Centeno cabe agora ao Governo liderado por Luís Montenegro. Até ao momento, o executivo da AD não se pronunciou oficialmente sobre o futuro do atual governador.