O almirante na reserva Henrique Gouveia e Melo oficializou a sua candidatura à Presidência da República a 29 de Maio, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, contando com o apoio de diversas personalidades, sobretudo oriundas do PSD, como Rui Rio, ex-presidente daquele partido, anunciado mandatário nacional da campanha. Em águas revoltas fica a candidatura do também ex-líder do PSD, Marques Mendes, candidato já apoiado oficialmente pelo PSD, mas que não recolhe entusiasmo dos portugueses.
A candidatura de Gouveia e Melo é impulsionada pela associação cívica “Honrar Portugal”
lançada em Março de 2025, que reúne apoiantes de diferentes quadrantes políticos. Entre os nomes associados destacam-se o ex-ministro da Administração Interna Ângelo Correia, o ex-líder parlamentar Adão Silva, os autarcas Carlos Carreiras (Cascais) e Isaltino Morais (Oeiras), o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros António Martins da Cruz, o ex-presidente do Governo Regional da Madeira Alberto João Jardim, o ex-líder do CDS-PP Francisco Rodrigues dos Santos e o economista António Nogueira Leite.
O universo de apoiantes inclui ainda nomes como António Capucho, antigo presidente da
Câmara de Cascais e ex-ministro dos Assuntos Parlamentares e da Presidência, bem como
Francisco George, ex-diretor geral da Saúde – associado normalmente ao PS. Também integrados na estrutura da candidatura estão André Pardal, conselheiro nacional do PSD, e
Catarina Santos Cunha, vereadora do Porto e uma das fundadoras da associação “Honrar Portugal”.
No plano militar, Gouveia e Melo conta com o apoio de Melo Gomes, antigo chefe do Estado-Maior da Armada, o que confere à candidatura um peso simbólico adicional, associando a imagem do candidato a uma tradição de serviço público e disciplina institucional.
Vários destes apoios foram tornados públicos ao longo dos últimos três meses, com destaque para intervenções públicas em eventos organizados pela associação ou em entrevistas concedidas aos meios de comunicação social. Rui Rio, por exemplo, participou ativamente em sessões de esclarecimento promovidas em Lisboa, Coimbra e Braga, onde defendeu Gouveia e Melo como uma “figura de unidade nacional” e elogiou a sua “capacidade técnica e sentido de missão”.
Alberto João Jardim, numa declaração transmitida durante um evento da candidatura na
Madeira, descreveu o almirante como “uma personalidade com coragem e firmeza, qualidades de que o país precisa numa altura de instabilidade social e política”.
Já Francisco Rodrigues dos Santos declarou ao jornal Público que Gouveia e Melo representa “uma oportunidade rara de devolver prestígio à função presidencial”, sublinhando a importância de um candidato fora dos partidos, mas com experiência de governação em situações críticas.
Apesar do apoio de figuras ligadas ao PSD, Gouveia e Melo tem procurado manter uma
posição de independência partidária. No seu discurso de apresentação, sublinhou a
necessidade de um Presidente “estável e confiável”, que se mantenha “acima de disputas
partidárias” e que use “a palavra com contenção e propriedade”.
Até ao momento, não foram divulgadas informações sobre apoios públicos provenientes do
Partido Socialista (PS). Em Março, foi noticiado que figuras do PS poderiam manifestar apoio à candidatura de Gouveia e Melo, mas não houve confirmação oficial até à data.
Henrique Gouveia e Melo nasceu em Quelimane, Moçambique, a 21 de Novembro de 1960.
Ingressou na Escola Naval em 1979 e fez carreira na Marinha Portuguesa, destacando-se
como comandante de submarinos e da fragata “Vasco da Gama”. Em 2017, coordenou
operações de salvamento nos incêndios de Pedrógão Grande e, em 2021, liderou a Task Force para a vacinação contra a Covid-19. Em Dezembro de 2021, foi nomeado Chefe do Estado-Maior da Armada e promovido a almirante.
As eleições presidenciais estão agendadas para Janeiro de 2026. Gouveia e Melo lidera as
sondagens, com 62 por cento de apoio, segundo um estudo da Universidade Católica realizado em Abril, contra Marques Mendes com 13 por cento e António José Seguro (PS) com nove porcento.
A candidatura de Gouveia e Melo representa um movimento cívico que procura apresentar uma alternativa independente às estruturas partidárias tradicionais, reunindo apoios de diversas personalidades políticas e da sociedade civil.