As recargas de areia são essenciais para atenuar os processos erosivos e/ou promover o avanço da linha de costa, com consequente ganho significativo de território. Por isso, a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, foi a Almada assinar um protocolo no valor de nove milhões de euros para novo enchimento das praias da Caparica, no distrito de Setúbal.
A ministra do Ambiente admitiu esta segunda-feira que as recargas de areia das praias da Caparica, em Almada, são fundamentais para preservar aquele património natural e reconheceu que se trata de um processo longo e contínuo que é preciso manter.
“Claro que sabemos que é uma intervenção que, daqui a uns anos, voltaremos a fazer, mas é assim que tem de se fazer para proteger o nosso litoral”, disse Maria da Graça Carvalho durante a assinatura de um protocolo no valor de nove milhões de euros para novo enchimento das praias da Caparica, em Almada, no distrito de Setúbal.
Na cerimónia de assinatura do protocolo, que decorreu no posto de turismo da Costa da Caparica, a ministra lembrou que o Programa Operacional Sustentável, que faz parte do programa PT 2030, prevê um total de 140 milhões de euros para a valorização do litoral, sendo que o Governo, este ano, já está a disponibilizar 51 milhões para vários projetos.
A presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros (PS), saudou a assinatura do protocolo e a continuidade do programa de recarga de areia nas praias da Caparica, mas deixou mais alguns pedidos à titular da pasta do Ambiente.
“É muito importante que, tal como estava previsto em 2019, que agora em 2025 possamos voltar a fazer esta recarga. Isso é fundamental, porque ao contrário da ideia de algumas pessoas, isto não é areia que volta para o mar e não é dinheiro deitado à rua. Esta areia vai consolidando justamente o que se chama a praia subterrânea, e, de facto, nós sentimos que a praia se torna mais resiliente”, disse.
A este propósito, Inês de Medeiros fez ainda referência a outros programas, como o ReDuna (programa de Recuperação e Restauração Ecológica do Sistema Dunar), que é levado a cabo pela autarquia, “também com fundos” e “que é para consolidar a duna”.
Por outro lado, a autarca defendeu a necessidade de um “`simplex urbanístico´, para trazer clareza e transparência”, porque a “burocracia só traz opacidade, confusão, morosidade, gastos e suspeição” e atrasa a concretização dos programas de valorização ambiental.
Antes da visita à Costa da Caparica, a ministra do Ambiente visitou a praia de Melides, no concelho de Grândola, e as praias do Portinho da Arrábida e de Galapos, em Setúbal, para assinalar o aniversário do Parque Natural da Arrábida, celebrado no último domingo.
Questionada sobre os problemas que encontrou nas duas praias de Setúbal, onde está proibida a circulação de viaturas particulares durante a época balnear, Maria da Graça Carvalho defendeu que é
necessário encontrar soluções sustentáveis que permitam o usufruto das praias, mas que não prejudiquem o património natural da Arrábida.
O que diz a APA
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) realizou um estudo para avaliar os impactos na evolução das zonas costeiras portuguesas e comparar custos e benefícios num horizonte temporal de análise de 20 anos, que concluiu que as intervenções de alimentação artificial, ou seja, as recargas de areia, são as que mais diretamente contribuem para atenuar os processos erosivos e/ou promover o avanço da linha de costa, com consequente ganho significativo de território.
Designado por “Análise Custo-Benefício para Definição de Cenários de Adaptação às Alterações Climáticas de Troços Costeiros em Erosão (COBE)”, o estudo envolveu a análise de 56 cenários comparativos de mitigação do problema de erosão costeira em cinco troços costeiros (Ofir – Cedovém, Esmoriz – Torrão do Lameiro, Barra – Mira, Cova – Gala-Leirosa e Costa de Caparica), e foi cofinanciado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
“As alterações climáticas constituem um desafio e motivo de preocupação relevante face aos previsíveis impactos ambientais, económicos e socias que irão gerar nas zonas costeiras. O estabelecimento ou aumento da erosão costeira, a modificação da frequência e magnitude das inundações costeiras irá contribuir para o aumento da vulnerabilidade já existente e para o incremento das situações de risco em locais com densidade de ocupação elevada, em particular nos troços limitados por sistemas praia-duna deficitários em sedimento. Na situação atual de elevada incerteza relativamente à evolução futura da faixa costeira de Portugal Continental, a adoção de medidas de Adaptação para reduzir os impactos, aumentar a resiliência, diminuir a vulnerabilidade e risco ou explorar eventuais oportunidades benéficas resultantes das alterações climáticas é absolutamente fundamental”, contextualiza a APA.