A Rússia anunciou esta terça-feira ter abatido um míssil norte-americano de longo alcance GLSDB. Moscovo encarou este facto como a primeira confirmação da entrega deste armamento por parte dos Estados Unidos à Ucrânia e considera-o crucial para desencadear a sua próxima contraofensiva.
O anúncio russo veio por parte do Ministério da Defesa, fazendo referência aos engenhos teleguiados com um alcance de até 150 quilómetros, prometidos pelos Estados Unidos a Kiev no início de fevereiro. E aconteceu um dia após a confirmação da entrega de blindados britânicos, norte-americanos e alemães às forças ucranianas, veículos que Kiev considera essenciais para concretizar as suas ambições de reconquista militar.
Porém, a Ucrânia não forneceu qualquer indicação sobre a entrega destes engenhos por Washington.
Os GLSDB (“Ground Launched Small Diameter Bomb”) são engenhos de pequeno diâmetro e de alta precisão fabricados pela Boeing (norte-americana) e pela Saab (sueca). Podem deslocar-se até 150 quilómetros e ameaçar as posições russas, em particular os depósitos de munições, localizados longe da linha da frente.
“A precisão dos GLSDB é tão elevada que na sua trajetória podem atingir o pneu de uma viatura”, afirma a Saab na sua página na Internet.
A Ucrânia insistiu na necessidade de utilizar estas munições para destruir as linhas de abastecimento russas e compensar desta forma o seu défice em homens e munições, na perspetiva da sua contraofensiva para repelir as forças de Moscovo que ocupam uma vasta área do sul e leste da Ucrânia.
Face às campanhas de ataques massivos lançados nos últimos meses sobre cidades e infraestruturas ucranianas, os Estados Unidos anunciaram finalmente em 3 de fevereiro que iriam fornecer os GLSDB à Ucrânia. No entanto, o calendário de entrega não foi anunciado, com diversas fontes a indicarem que seriam necessários vários meses para a concretização.
O anúncio do abate do míssil GLSDB por parte do Ministério da Defesa russo surge depois de a Ucrânia ter pedido este domingo uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, solicitando o fim da “chantagem nuclear” da Rússia, na sequência de o Kremlin ter anunciado a colocação de armas nucleares na Bielorrússia.
“A Ucrânia espera ações efetivas para combater a chantagem nuclear do Kremlin por parte do Reino Unido, China, Estados Unidos e França”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, num comunicado, pedindo ao G7 (o grupo das sete economias mais desenvolvidas) e à União Europeia para pressionarem a Bielorrússia, ameaçando-a com “sérias consequências” se aceitar a imposição russa.