Mal as urnas encerram às 19 horas deste domingo eleitoral, arranca em todo o país a contagem dos votos expressos pelos eleitores nas legislativas de 18 de maio. Este processo é a base para conhecer a nova composição da Assembleia da República e o próximo Governo, sendo gerido por milhares de cidadãos e entidades oficiais sob a supervisão da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Durante o dia, o eleitor tem direitos específicos: o direito de votar em segredo, a ser devidamente identificado pela mesa (com documento oficial), a receber o boletim de voto correcto e a dirigir-se à cabina de voto sozinho e sem interferências. Eleitores com deficiência ou dificuldade em votar sozinhos podem ser acompanhados por outro eleitor da sua confiança. Qualquer irregularidade observada pode ser objeto de protesto formal registado em acta.
A contagem inicia-se de imediato nas cerca de 12 mil mesas de voto espalhadas pelo território nacional, pelas mãos dos membros da mesa, cidadãos sorteados ou indicados pelos partidos. As urnas são abertas publicamente e os boletins são retirados, contando-se primeiro o número total de votantes. Segue-se a separação dos boletins em votos válidos (votados num partido ou coligação), votos em branco e votos nulos, estes últimos por conterem marcas ou rasuras indevidas.
Cada pilha de votos é contada em voz alta pelos membros da mesa, perante a vigilância dos delegados das candidaturas presentes. Os resultados parciais são registados num documento oficial, o edital ou acta da assembleia de voto, afixado no local para consulta pública. Cópias são entregues aos delegados dos partidos e enviadas para a junta de freguesia, câmara municipal e, eletronicamente, para a CNE.
Os primeiros resultados parciais começam a ser divulgados pela CNE logo após o início da chegada das actas das mesas de voto, normalmente a partir das 19h30-20h00. As primeiras informações chegam de freguesias com menor número de eleitores ou situadas mais perto dos centros de compilação. A divulgação evolui gradualmente ao longo da noite, à medida que as actas vão sendo processadas.
Paralelamente, logo às 20h00, por causa do fuso horário dos Açores, hora do fecho das urnas, as estações de televisão e rádio apresentam projecções de resultados. Estas projecções baseiam-se em sondagens à boca das urnas e noutros dados estatísticos, sendo meras estimativas e não resultados oficiais. A comunicação social acompanha e reporta a chegada dos resultados provisórios divulgados pela CNE, analisando tendências e cenários políticos.
A CNE tem um papel central na fiscalização de todo o acto eleitoral e na compilação dos resultados provisórios nacionais. Recebe as informações das mesas, verifica a sua consistência e publica os dados no seu sítio web oficial, permitindo acompanhar a evolução da contagem em tempo real. A CNE é a garantia da legalidade e transparência do processo.
Os membros das mesas de voto são o garante direto da correcção da contagem em cada local. A sua acção, muitas vezes voluntária, é essencial para a democracia. São eles que asseguram o cumprimento das regras na assembleia de voto, desde a identificação dos eleitores até à contagem final dos boletins e preenchimento das actas.
Os resultados provisórios nacionais são geralmente conhecidos na madrugada seguinte à eleição. No entanto, os resultados oficiais finais só são apurados dias ou semanas depois, após a contagem dos votos dos eleitores residentes no estrangeiro e a verificação e consolidação final pela CNE e tribunais.