O antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, revelou esta sexta-feira que está a reconsiderar uma possível candidatura às eleições presidenciais de 2026, na sequência da decisão de António Vitorino de não avançar para Belém. A confirmação sobre o seu futuro político será tornada pública na próxima quarta-feira, após um curto período de consultas.
Através de uma mensagem divulgada nas redes sociais, o histórico socialista salientou que a retirada de Vitorino obriga a “uma nova reflexão” sobre o cenário presidencial. “As três candidaturas até agora formalmente apresentadas não esgotam nem o espaço político nem as propostas e perfis que devem estar representados”, sublinhou, subentendendo que o atual leque de candidatos não representa, na sua visão, a totalidade do espectro político progressista.
Santos Silva frisou que, pelas “qualidades políticas” de António Vitorino, a sua presença na corrida presidencial teria sido bem-vinda. Com a saída de cena do antigo comissário europeu, a hipótese de avançar com uma candidatura própria ganhou novo fôlego.
“Este facto obriga-me a uma nova reflexão sobre o quadro de candidaturas presidenciais possíveis, incluindo a eventual apresentação da minha própria”, declarou. Até quarta-feira, o ex-ministro socialista pretende escutar os conselhos e opiniões de pessoas em quem confia, sem ignorar os compromissos profissionais que ainda mantém.
António Vitorino, por sua vez, esclareceu na noite de quinta-feira que não concorrerá à Presidência da República. Na declaração, reconheceu que a sua candidatura “não conseguiu reunir o consenso necessário” para garantir uma posição unificadora no seio do espaço político à esquerda do centro.
A retirada de Vitorino reacendeu o debate interno no Partido Socialista. Ana Gomes, antiga diplomata e candidata presidencial em 2021, veio a público defender o nome de António José Seguro como alternativa viável, apelando à unidade da esquerda democrática e alertando para os riscos de fragmentação. Para Ana Gomes, o apoio do PS a uma figura agregadora é essencial para evitar uma dispersão que possa favorecer adversários políticos.
Aguardada com expectativa, a decisão de Augusto Santos Silva poderá redesenhar por completo o mapa da próxima disputa presidencial. Caso avance, será uma das figuras com maior peso institucional e experiência política no quadro atual.
