O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, admitiu esta terça-feira que a situação de seca que o país atravessa “é muito preocupante.”
“O mês de fevereiro foi o mais quente de sempre e o mês de abril teve dias de temperatura recorde. Ao mesmo tempo, tem havido menos pluviosidade e os níveis de seca severa têm vindo a manifestar-se em várias zonas do país. Temos vindo a sensibilizar instituições e câmaras municipais para ter os planos de defesa contra incêndios preparados”, afirmou o governante, à margem de uma reunião na sede do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“A situação deve preocupar toda a comunidade nacional. Temos tido vários picos de temperatura máxima e risco de incêndio”, acrescentou.
O ministro compreende as “dificuldades em encontrar mão-de-obra para realizar os trabalhos de limpeza” por parte dos cidadãos e adiantou que a GNR vai notificar quem não fez esses trabalhos até ao prazo de 30 de abril.
Já o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, admitiu, também, esta terça-feira que serão necessárias mais medidas de contingência, nos próximos meses, caso a situação de seca se agrave. O governante apontou para um “conjunto de investimentos em curso”, sendo que foram identificadas “várias zonas do país com stress hídrico mais comum” e elaborados planos estratégicos para que o território ganhe “mais resiliência”.
“Temos plena noção e com informações como a que hoje tivemos do IPMA que, em algumas zonas do país onde não temos capacidade de abastecimento que nos permita estar muito tempo sem que chova provavelmente poderá implicar durante os próximos meses ter que tomar mais medidas do ponto de vista de contingência”, disse o ministro do Ambiente, em declarações aos jornalistas e transmitidas pela CNN Portugal.
O ministro acrescentou ainda que “temos de adaptar o território às alterações climáticas, mas não queremos que territórios com baixa densidade populacional fiquem sem atividade. Queremos criar uma cultura de risco”.
A Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) alertou, na semana passada, o Governo para uma situação de seca “ainda mais grave” provocada pelas temperaturas altas e escassez de chuva na região e propôs medidas para o setor.
Os alertas e propostas constam de uma carta aberta, divulgada hoje pela FAABA, assinada pelo presidente desta federação de associações de agricultores, Rui Garrido, e dirigida à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes.
Na missiva, a FAABA, com sede em Beja, admitiu que a chuva no inverno fez “antever um bom ano agrícola”, mas avisou que “as temperaturas anormalmente altas e a escassez de chuva dos últimos meses, a somar aos danos provocados pela seca de 2022, estão a gerar uma situação de seca ainda mais grave”.