Vão abrir 1500 novas vagas para médicos nos hospitais. A garantia foi dada pelo ontem pelo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo.
“Vamos abrir cerca de 1500 vagas hospitalares, temos expectativa de captar um conjunto relevante de profissionais. Se conseguirmos mais de 600 ou 700 será seguramente um sucesso. O que vamos fazer é publicar ainda esta semana essa listagem de vagas nacional e dar autonomia para que os hospitais possam contratar diretamente esses jovens profissionais, reforçando a autonomia dos hospitais e permitindo que eles selecionem as áreas de interesses da instituição. Em mais de 90% destas vagas, os médicos poderão ser contratados no dia seguinte às notas serem homologadas”, adiantou Fernando Araújo na 11.ª conferência sobre “Sustentabilidade em Saúde”, organizada pela TSF, pelo Diário de Notícias e pela Abbvie.
Outra questão que está a ser trabalhada, em conjunto com a Segurança Social, é que as baixas possam ser passadas nas urgências dos hospitais, algo que até agora não era possível, no sentido de desburocratizar o processo, avançou também o CEO do SNS.
“Não faz sentido que um doente, que precisa de ficar uma ou duas semanas em casa por qualquer razão médica, vá a uma urgência hospitalar e tenha depois que tentar deslocar-se a um centro de saúde apenas para obter um certificado de incapacidade temporária. Queremos também alargar o certificado de incapacidade temporária para fora do SNS, queremos que os médicos possam também ter capacidade de emitir os certificados de incapacidade temporária, não faz sentido que um doente que vá ao médico, seja ele qual for, e tenha, depois, de voltar ao centro de saúde apenas para que seja transcrito esse pedido de baixa médica feito por um colega. A ideia é clara, é tentar desburocratizar todo este processo”, explicou o CEO do SNS.
Fernando Araújo acrescentou ainda relativamente à questão das baixas que os prazos vão ser alargados. “Temos doentes com AVC, com patologias oncológicas, que vão estar meses sem poder trabalhar, não faz sentido obrigá-los apenas para este fim a ter que se deslocar mês a mês ao centro de saúde para obter uma consulta para obter o certificado de incapacidade temporária”, sublinhou.
Fernando Araújo revelou ainda que, em breve, os doentes crónicos podem vir a ter acesso aos medicamentos que tomam sem precisarem de renovar a receita junto do médico de família.
Para Fernando Araújo, estas são medidas “profundas de alteração de gestão” que estão a ser preparadas para permitir ao Serviço Nacional de Saúde ultrapassar um dos momentos mais difíceis dos últimos 40 anos.
O CEO frisou que “estamos numa luta sem tréguas”, a “recuperar consultas e cirurgias, com tempo demasiado de espera, numa altura em que a procura disparou em valores médios superiores a 20%, e nalgumas áreas superiores a 40%”.
“Por outro lado, as exigências dos cidadãos mudaram. Temos uma nova sociedade, um novo conjunto de profissionais e continuamos a gerir o sistema como há 50 anos”, lamentou.
O Índice de Saúde Sustentável conclui que o investimento no SNS em 2022 permitiu um retorno de 7,8 mil milhões de euros para a economia, graças ao impacto dos cuidados de saúde no absentismo e na produtividade.
Segundo os dados divulgados, este retorno foi superior (mais 300 milhões) ao valor apurado em 2021 (7,5 mil milhões).
A perceção dos utentes quanto à evolução do SNS na última década é positiva, mas esta ideia não é acompanhada pelo julgamento que fazem dos tempos de espera para consultas, exames e urgências, que consideram ter piorado.
Segundo o Índice de Saúde Sustentável, 38% considera que, relativamente ao que se passava há 10 anos, o SNS está melhor, mas as listas de espera não tiveram uma evolução positiva.