A Suécia anunciou este sábado um reforço significativo nas medidas de controlo marítimo, com a introdução de novas regras a partir de 1 de julho, dirigidas diretamente à chamada “frota fantasma” russa que tem contornado as sanções internacionais sobre o petróleo.
Esta decisão surge no contexto do prolongado conflito entre a Rússia e a Ucrânia, iniciado com a invasão russa em fevereiro de 2022. Desde então, multiplicaram-se os relatos de petroleiros operados por proprietários não identificáveis e sem seguros válidos, utilizados para continuar a exportação de petróleo russo, em clara violação das sanções impostas pela comunidade internacional.
O Governo de Estocolmo explicou que o novo regulamento exigirá que todos os navios estrangeiros — não apenas os que atracam em portos suecos, mas também os que atravessam as águas territoriais e a zona económica exclusiva da Suécia — forneçam informações completas sobre os respetivos seguros. A responsabilidade pela recolha destes dados ficará a cargo da Guarda Costeira e da Administração Marítima suecas.
As autoridades suecas consideram esta medida crucial para travar as operações da “frota fantasma”, frequentemente acusada de provocar danos em cabos submarinos e de representar riscos ambientais sérios. “O Governo adotou um novo regulamento que reforça o controlo dos navios estrangeiros, exigindo informações sobre os seguros”, refere o comunicado oficial, citado pela agência AFP.
Ulf Kristersson, primeiro-ministro da Suécia, defendeu que esta ação envia um sinal claro de firmeza: “A medida sublinha a presença assertiva da Suécia no Mar Báltico, o que por si só tem um efeito dissuasor.” O chefe do Governo acrescentou que esta iniciativa permitirá reunir dados cruciais sobre embarcações potencialmente sancionáveis, numa altura em que os incidentes na região se tornam cada vez mais frequentes e inquietantes.
A preocupação não é apenas sueca. Desde o final de 2024, Suécia e Finlândia — ambas agora membros da NATO — têm enfrentado uma escalada de episódios suspeitos no Mar Báltico, afetando infraestruturas críticas de energia e comunicações. O novo pacote de medidas é interpretado como um passo decisivo para aumentar a segurança marítima e ambiental da região.
A nova regulamentação surge poucos dias depois da adoção, a 20 de maio, do 17.º pacote de sanções da União Europeia contra a Rússia, que inclui cerca de 200 navios da “frota fantasma”. A ofensiva sueca pretende, assim, contribuir para a eficácia dessas sanções e reforçar a proteção da sua soberania marítima.
Com esta decisão, a Suécia posiciona-se na linha da frente da resposta europeia contra o uso ilícito de navios no transporte de petróleo russo, enviando uma mensagem clara de intolerância face a atividades opacas e potencialmente perigosas em águas europeias.