África enfrenta uma escalada preocupante de casos de mpox, com 26.550 infeções e 724 mortes registadas desde o início de 2024, alertou a agência de saúde pública da União Africana. A rápida propagação da doença, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, preocupa as autoridades de saúde, especialmente devido ao aumento acentuado de mortes em comparação com os dois anos anteriores, 2022 e 2023, quando os números eram significativamente menores.
O Centro Africano para o Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC) declarou que 2024 marcou um ponto crítico no combate à epidemia. “Temos mais mortes em 2024 do que nos dois anos anteriores juntos”, afirmou Jean Kaseya, diretor-geral do África CDC, numa conferência de imprensa virtual. O responsável sublinhou a necessidade de uma resposta urgente e coordenada para travar o avanço da doença, que continua a crescer de forma alarmante em 14 países africanos.
A República Democrática do Congo (RDCongo) tem sido o epicentro da crise, com mais de 21.000 casos suspeitos e 710 mortes confirmadas até agora, segundo dados do comité congolês de resposta à mpox. Estudos recentes indicam que a transmissão de mãe para filho ocorre em mulheres grávidas, uma preocupação adicional para as autoridades.
Apesar dos esforços de monitoramento, apenas 52,9% dos casos confirmados foram detetados através de testes médicos, evidenciando uma lacuna preocupante na capacidade de diagnóstico. Kaseya lamentou que o continente carece de testes rápidos e de antigénio, essenciais para detectar precocemente o vírus, especialmente em grupos vulneráveis como os camionistas que cruzam fronteiras e estão em maior risco de propagação da doença.
A variante responsável pelo surto atual, clade 1b, apresenta uma elevada mortalidade e rápida propagação, sendo declarada uma emergência de saúde pública continental em agosto de 2024. A Organização Mundial da Saúde também emitiu um alerta global devido ao risco de propagação internacional, após o primeiro caso foi detetado fora de África, na Suécia.
