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Todos os Nomes

Escreve Saramago, no livro “Todos os Nomes”, que conheces o nome que te deram, mas não conheces o nome que tens.

Quem sou eu de facto? Existem palavras com que se designa e distinguem as pessoas, cada uma delas representa uma vida.

Saramago também refere um livro que não existe, o “Livro das Evidências”. É um livro em branco, que preenchemos com o decorrer do tempo, cada nome próprio, apelido ou alcunha uma epígrafe. Não é necessário escrever, mesmo sem dar por isso assumimos o que vamos sendo.

“Todos os Nomes” leva os leitores a uma viagem pelo significado do anonimato; explora a personalidade de cada personagem, que vai muito para além do nome. Experimento outro caminho: através dos nossos nomes somos transportados para épocas da nossa vida, que acabam por nos acompanhar para sempre. É um exercício curioso, que apetece aprofundar e que ajuda a descobrir as identidades que vamos tendo.

Nasci Joaquim Augusto Pinheiro Correia, apelidos e sobrenomes misturados, homenagem aos meus avôs e outras ligações familiares, da minha mãe e de meu pai. Depois ganharam vida nova, chegaram mesmo a modificar-se, cada nome uma parte do meu ser.

Para a família e amigos mais próximos, Joaquim Augusto, que o meu irmão, mais velho, transformou em Quintuta. Para os amigos da adolescência, em Lisboa, era Pinheiro ou Augusto, no liceu tornei-me Pinheiro Correia (dizia a prof. de Fisico-Quimicas Pinheirinho, andamos descalços…). Em Angola tornei-me só Correia e, mais tarde, profissionalmente, Joaquim Correia. Em Macau traduziram para Go Sin San. Por vezes, há quem me chame apenas Joaquim ou Quim. Agora, para o meu neto, sou Tôti (avô Quim). Cada grupo de pessoas com quem mantenho contacto, continua a apelidar-me da mesma forma, o que se torna reconfortante.

No ”Livro das Evidências”, cada epígrafe conta histórias que facilmente identificamos, inclusive a nossa imagem física condiz com o título da página em branco. Qual prefiro? Algumas carregam diferentes ternuras, outras amizades; responsabilidade, prazer e lonjura também fazem parte do lote. Não posso nem quero escolher, são marca que foram nascendo e me acompanharão sempre. E que também ficam na memória de quem as criou. Somos eternos, perduramos mesmo depois de partir.

Não somos todos assim?

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Joaquim Correia
Joaquim Correia
“É com prazer que passo a colaborar no jornal Regiões, até porque percebo que o conceito de “regiões” tem aqui um sentido abrangente e não meramente nacional, incluÍndo o resto do mundo. Será nessa perspectiva que tentarei contar algumas histórias.” Estudou em Portugal e Angola, onde também prestou Serviço Militar. Viveu 11 anos em Macau, ponto de partida para conhecer o Oriente. Licenciatura em Direito, tendo praticado advocacia Pós-Graduação em Ciências Documentais, tendo lecionado na Universidade de Macau. É autor de diversos trabalhos ligados à investigação, particularmente no campo musical

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