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Touradas

 Um ativo da economia portuguesa!

O ano da ressurreição das Touradas em Portugal após a pandemia passou por uma época tauromáquica marcada por uma grande oferta de espetáculos tauromáquicos. De facto, no primeiro ano pós-pandemia (covid-19), o número de touradas cresceu 58% em relação a 2021, passando de 121 para 191 touradas e o público aumentou 105%, subindo de 182.600 em 2021 para 375.200 espectadores em 2022.

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Apesar de envolta em alguma polémica nos tempos recentes, esta atividade encontra-se difundida um pouco por todo o Portugal Continental e Açores, realizando-se mais de 1000 eventos de tauromaquia popular, que movimentem mais de 3 milhões de portugueses todos os anos. O Colete Encarnado, em Vila Franca, as Festas da Moita, a Vaca das Cordas, em Ponte de Lima, as Capeias Arraianas da zona do Sabugal, as Touradas à Corda dos Açores são alguns dos exemplos de tauromaquias populares que movimentam milhões de pessoas em conjunto, todos os anos.

Mas, apesar desses números, o PAN (Partido dos Animais e Natureza) defende o fim das touradas, porque nenhum partido que se diz progressista e defenda que deve continuar a haver touradas pode dizer que “apanhou o comboio do progresso”, sublinhando que para a maioria do parlamento português, os “falaciosos interesses económicos” por trás da tauromaquia valem mais do que padrões éticos.

De facto, para a maioria dos deputados portuguesas, a tentativa de “proibição radical” das touradas do PAN, só conduziria a conflitos desnecessários e poria “portugueses contra portugueses”. As touradas, defendem, são reconhecidamente “parte da cultura popular portuguesa” e é “dever do Estado” proteger as manifestações culturais. Aliás, o actual ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, apesar de não ser aficionado de corridas de touros, já disse que se deve “respeitar a forma como os outros olham para a cultura”, defendendo: “Não nos passa pela cabeça impedir os portugueses. O Estado não apoia as corridas de touros de nenhuma forma, e não é uma matéria em que o Estado se deve intrometer”.
Para os defensores das corridas que touros, nomeadamente a Prótoiro (Federação Portuguesa de Tauromaquia), esta atividade gera anualmente muitos milhões de euros de riqueza para a nossa economia, gerando ainda grandes receitas para o estado através de impostos diretos e indirectos. Todavia, apesar disso, é a única área cultural que não recebe quaisquer apoios do estado central.

Defesa da biodiversidade

A Prótoiro lembra que cerca de 70 mil hectares foram dedicados à criação de toiros bravos, promovendo o setor, a “biodiversidade e o combate às alterações climáticas”, salientando que as ganadarias portuguesas voltaram a “contribuir positivamente” para a balança comercial de bens e serviços, tendo as exportações atingido as “456 reses bravas”, para Espanha e França, num aumento de 143% face aos 187 reses enviadas em 2021.
No total de 2022 foram lidados 1206 touros nas praças nacionais face aos 740 de 2021, um aumento de 63%. Os preços dos toiros variam no mercado de acordo com a posição de cada ganadaria no mercado, em média rondam entre os 2000€ e os 2500€. Mesmo os abolicionistas reconhecem que os montados ibéricos são um sistema agro-silvopastoril com um ecossistema e biodiversidade únicos no mundo, caracterizado pela abundância de pastagens e, com um eventual fim das toiradas, corre o risco de desaparecer.
Para várias fontes contactadas, a criação de touros tem ajudado enormemente a preservar e a manter este ecossistema único no mundo. “Como são áreas protegidas, não podemos fazer nada nas pastagens, como cortar madeira de uma azinheira. Há 50 ou 60 anos, os montados não só não eram protegidos, como o uso agrícola destes territórios era incentivado através de subsídios para plantar oliveiras,” lembram.

Arena das touradas
Foto DR

No entanto, para os anti-taurinos “as terras de pasto, para serem conservadas, não precisam nem nunca precisaram da presença de ganadarias. A biodiversidade (que se refere a espécies e não as raças), as iniciativas contra as alterações climáticas e o combate à desertificação dependem até certo ponto dos montados, mas não desta raça de animal”, como se pode ler no extenso relatório da associação, Dehesa Vs Ganadería de lidia.

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Importância das touradas

Além da importância económica do touro de lide, a Prótoiro recorda que os cerca de 300 toureiros e 1500 forcados existentes em Portugal dão emprego direto e indireto a mais de 10 mil pessoas, nelas se incluem as equipas dos toureiros, ganadarias, empresas, fornecedores de serviços e muitos mais, como disse antes.
Segundo adianta a Prótoiro, um cavaleiro ou matador tem uma equipa 4 a 5 pessoas mais a quadrilha constituída por três bandarilheiros.

A PróToiro, que lembra a importância económica do sector, lamenta que os consumidores de espetáculos toiromáquicos continuem a ser discriminados com o pagamento de uma “taxa ilegal de 23%” de IVA nos bilhetes, desde 2020, quando a taxa devida nos espetáculos culturais é de 6%.

“Isto prejudica não só a recuperação total do sector, mas também o apoio às instituições de solidariedade social que dela dependem. Recordamos que as misericórdias e instituições particulares de solidariedade social são proprietárias de cerca de metade das praças de toiros do país”, queixa-se a federação.

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Alfredo Miranda
Alfredo Miranda
Jornalista desde 1978, privilegiando ao longo da sua vida o jornalismo de investigação. Tendo Colaborado em diferentes órgãos de Comunicação Social portugueses e também no jornal cabo-verdiano Voz Di Povo.

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