O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste declarou, esta quarta-feira, a insolvência da Trust in News (TiN), a empresa proprietária de publicações como Visão, Exame, Jornal de Letras, Caras, entre outros. A decisão foi tomada no mesmo dia em que os trabalhadores da empresa se concentraram no Largo de Camões, em Lisboa, para protestar contra a grave situação financeira do grupo.
Na sentença a que a Lusa teve acesso, o tribunal determinou um prazo de 30 dias para que os credores possam reclamar os seus créditos. A assembleia de credores, onde será discutido o futuro da TiN, está marcada para o dia 29 de janeiro de 2024, pelas 11:00, data em que será também apresentado o relatório do administrador de insolvência nomeado pelo tribunal.
O tribunal designou o advogado André Fernando de Sá Correia Pais para exercer a função de administrador da insolvência e ordenou a apreensão imediata de todos os documentos contábeis e bens da TiN, incluindo aqueles que possam já estar arrestados, penhorados ou apreendidos. A medida visa garantir que os ativos da empresa sejam corretamente avaliados e administrados durante o processo.
A TiN, que detém 16 publicações, incluindo algumas das mais conhecidas revistas e jornais nacionais, como Exame Informática, Activa e TV Mais, atravessa uma grave crise financeira. A empresa tentou evitar a insolvência com um Plano Especial de Revitalização (PER), mas este foi rejeitado em 5 de novembro. A administração da TiN anunciou, então, a intenção de apresentar um plano de insolvência, culminando nesta declaração judicial.
A comissão de credores, agora nomeada pelo tribunal, é composta por representantes da Segurança Social, Autoridade Tributária, Impresa Publishing, Novo Banco, CTT, BCP e um representante dos trabalhadores a ser indicado pela comissão. O desfecho deste processo será determinante para o futuro das publicações e dos mais de 300 colaboradores que a empresa emprega.
Esta declaração de insolvência acontece em um momento de grande incerteza no setor da comunicação, marcado por desafios financeiros e transformações no consumo de mídia. A próxima assembleia de credores será crucial para definir o rumo da TiN, que poderá optar por um processo de liquidação ou uma possível reestruturação, caso surjam soluções viáveis durante o processo.