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Trump abriu as portas à guerra económica mundial

O presidente norte-americano anunciou na quarta-feira a imposição de “taxas recíprocas” sobre as importações de vários países e a reação mundial não se fez esperar. Na Europa, a presidente da Comissão Europeia afirmou que o bloco está “pronto a responder” à imposição de novas tarifas caso as negociações falhem. A China denuncia o “protecionismo e intimidação” por parte dos Estados Unidos.

Poucas horas depois de Donald Trump ter anunciado a aplicação uma vasta série de novas tarifas a vários parceiros comerciais, no que denominou “Dia da Libertação”, vários líderes mundiais já reagiram com apelos à negociação, mas também com promessas de uma resposta firme.

Segundo o presidente norte-americano, as “tarifas aduaneiras recíprocas” serão de pelo menos 10 por cento e podem chegar aos 49 por cento, algumas a entrar em vigor já a partir do próximo sábado, 5 de abril. A par destas taxas, confirmou ainda a tarifa de 25 por cento sobre todas as importações de automóveis estrangeiros.

O presidente norte-americano anunciou tarifas de 34 por cento sobre a China e de 20 por cento sobre os produtos da União Europeia. Donald Trump acusou os parceiros comerciais de “serem os piores inimigos” dos Estados Unidos e que estas medidas anunciadas até são “simpáticas”, uma vez que se optou por “cobrar metade dos direitos aduaneiros” que são cobrados à produção norte-americana, justificou.

As bolsas europeias reagiram de imediato esta quinta-feira. Na abertura, a bolsa de Paris perdia 1,78%, a de Frankfurt 2,08%, a de Milão caía 1,58% e a de Amesterdão 1,44%. A bolsa de Londres abriu a perder 1,07% e a de Lisboa 1,08%.

UE pronta para a guerra comercial

Para além das bolsas, houve também uma reação imediata por parte dos líderes europeus. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu que o bloco comunitário já está a finalizar “o primeiro pacote de contramedidas em resposta às tarifas do aço”.

A porta-voz do Governo francês, Sophie Primas, afirma que a União Europeia (UE), “pronta para uma guerra comercial” com os Estados Unidos, planeia “atacar os serviços digitais” em resposta à imposição de tarifas por parte de Washington, disse esta quinta-feira .

“Estamos quase certos de que teremos de facto efeitos recessivos na produção”, acrescentou Sophie Primas à emissora RTL, manifestando especial preocupação com um impacto acentuado no sector dos vinhos e bebidas espirituosas.

Sophie Primas explicou que, após a decisão dos EUA, a UE está a preparar “uma primeira resposta que entrará em vigor em meados de abril, que corresponderá ao seu primeiro ataque ao alumínio e ao aço. E depois há uma segunda ronda de resposta que provavelmente estará pronta até ao final de abril para todos os produtos e serviços”.

Neste momento, esta segunda resposta está “a ser negociada entre os países membros da União Europeia”, disse a porta-voz. “Mas também vamos atacar os serviços. Por exemplo, os serviços digitais, que atualmente não são taxados e poderiam ser”, insistiu.

A resposta poderia também dizer respeito ao “acesso aos nossos mercados públicos”, indicou Primas. “Temos agora uma gama completa de ferramentas e estamos prontos para esta guerra comercial”, garantiu.

Entretanto, o Presidente francês Emmanuel Macron vai reunir-se no Palácio do Eliseu, esta quinta-feira, com representantes dos setores afetados pelas medidas tarifárias. “A primeira coisa é fazermos um balanço e prever quais serão os ataques e os seus efeitos em todos os setores. Depois, veremos como podemos apoiar as nossas indústrias de produção”, disse Primas.

“Podemos ver claramente que todos os mercados de exportação, particularmente para vinhos e bebidas espirituosas, estão a fechar. Teremos, portanto, de apoiar a nossa produção europeia”, disse.

Comissão Europeia prepara contramedidas

Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o bloco está “pronto para responder” às tarifas dos Estados Unidos e está a trabalhar em novas medidas de retaliação. “Já estamos a finalizar o primeiro pacote de contramedidas em resposta às tarifas do aço e estamos agora a preparar outras medidas para proteger os nossos interesses e negócios, se as negociações falharem”, disse a dirigente.

Os países da UE passam a pagar 20 por cento de tarifas, metade de 39% de barreiras comerciais e não comerciais que a Administração Trump estima que os produtos norte-americanos enfrentam no acesso aos mercados europeus. “Pensamos que a União Europeia é muito amigável, mas eles roubam-nos. É muito triste ver isso. É tão patético; taxam produtos dos EUA a 39%, nós vamos cobrar-lhes 20%”, afirmou Trump.

“Estamos agora a preparar outras medidas para proteger os nossos interesses e negócios se as negociações falharem”, afiançou.

Von der Leyen prometeu defender “os interesses e valores” da Europa, mas realçou que “existe um caminho alternativo” e que “não é tarde para resolver os problemas através de negociações”.

A presidente da Comissão Europeia acrescentou ainda que as tarifas anunciadas por Trump serão “um rude golpe para a economia global com consequências terríveis para milhões de pessoas em todo o mundo”.

Uma União Europeia unida na resposta às tarifas, com o seu mercado interno, será “um porto seguro” perante a guerra comercial. “A nossa união é a nossa força (…) A Europa tem o maior mercado único do mundo, 450 milhões de consumidores. Este é o nosso porto seguro em tempos tumultuosos”, considerou a chefe da Comissão Europeia.

Alertou ainda, em específico, para o impacto em várias áreas, desde alimentação, transporte e medicamentos. “Isso vai prejudicar, em particular, os cidadãos mais vulneráveis”, avisou.

Com as novas taxas, a União Europeia passará a pagar 20 por cento de tarifas, em comparação com 39 por cento de barreiras comerciais que os produtos norte-americanos enfrentam nos mercados europeus, segundo o presidente norte-americano.

China apela ao diálogo

Também Pequim reagiu de imediato através de um comunicado do Ministério do Comércio chinês. “A China insta os Estados Unidos a cancelarem imediatamente as taxas unilaterais e a resolverem adequadamente as disputas com os seus parceiros comerciais através de um diálogo justo”, pode ler-se na comunicação citada pelas agências internacionais.

Estas taxas anunciadas pelo presidente norte-americano “colocam em risco o desenvolvimento económico global” e ameaçam as cadeias de abastecimento internacionais, o que irá impreterivelmente afetar também os próprios Estados Unidos.

O Ministério chinês do Comércio opõe-se de forma “firme” às novas taxas e promete “lutar para defende os direitos e interesses” da China. “Não há vencedores numa guerra comercial”, conclui ainda Pequim.

Das várias taxas anunciadas por Donald Trump, as tarifas aos produtos vindos da China são das mais elevadas: 34 por cento sobre as importações.

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