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Turismo é o motor da economia portuguesa

Apesar dos sinais de abrandamento, o turismo continua a ser um dos principais motores da economia. Porém, Mário Centeno lembra que ainda não recuperou para os níveis pré-pandémicos. “Portugal está longe de ser um país em que tudo seja turismo”, referiu o governador do Banco de Portugal durante a VII Cimeira do Turismo, que decorreu em Mafra, no âmbito do Dia Mundial do Turismo.

O turismo continua a puxar pela economia nacional e, apesar do setor ter começado a dar nos últimos meses alguns sinais de abrandamento, mantem um peso importante no Produto Interno Bruto (PIB) português. Só no ano passado, altura em que atingiu máximos históricos, representou cerca de metade do crescimento real do PIB.

Aliás, o turismo foi a origem em Portugal de 19,1% da riqueza produzida no ano passado, de acordo com o relatório do World Travel & Tourism Council (WTTC), que aponta Portugal como o 5.º país onde é mais forte a contribuição do turismo para o PIB.

Depois de Grécia e Portugal, os países europeus onde o turismo tem mais peso no PIB são Áustria, com 15,4%, Espanha, com 14,6%, Itália, com 13,2%, Turquia com 12,1%, e Reino Unido, com 11%, todos acima da média na União Europeia, que é de 10,1%.

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Em valor absoluto da contribuição do turismo para o PIB, Portugal surge em 29º entre os 40 países especificados na informação do WTTC, com 45 mil milhões de dólares (mais de 40 mil milhões de euros), à frente da Grécia, com 44 mil milhões (mais de 39 mil milhões de euros).

Um peso que é reconhecido pelo economista João César das Neves, que admite que o “setor do turismo é tradicionalmente muito importante na nossa economia” e que aumentou muito a sua capacidade e influência com a recente revolução produtiva, gerada pela internet.”

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, é da mesma opinião ao afirmar: “O contributo do turismo tem uma importância significativa para a economia portuguesa”, alertando para o facto de a recuperação da crise em que o setor mergulhou durante a pandemia foi mais faseada do que outras atividades económicas.

“O turismo teve um crescimento significativo e acima da média, mas esse crescimento foi feito face à quebra durante a pandemia, ou seja, não recuperou nos dados agregados”, comentou, lembrando ainda que “nos últimos anos temos tido sinais de queda de quota de mercado do turismo”.

Mário Centeno elogiou a capacidade dos setores de alojamento e restauração terem evoluído positivamente na remuneração média paga aos trabalhadores desde que o salário mínimo começou a aumentar. Em 2015, o salário mínimo representava 72% das remunerações no turismo. Hoje, pesa 80%.

“Não deixa de ser assinalável a capacidade que teve de subir a remuneração média em 46% desde 2015” e em 31% face a 2019, de acordo com os números da apresentação feita pelo governador do Banco de Portugal, onde era destacado também a rotação excessiva no setor.

A importância do turismo

Também Paulo Monteiro Rosa, economista do Banco Carregosa, lembra que o turismo é atualmente o setor mais importante da economia portuguesa, facilmente justificado pelo peso dos números do turismo no PIB português. E recorda os dados do INE, em que é responsável por cerca de metade do crescimento do PIB em Portugal em 2023, ano marcado por um crescimento económico de 2,3%, tendo o turismo contribuído com 1,1 pontos percentuais.

“Essa importância é explicada também pelo seu desempenho e peso nos anos anteriores. Em 2021 e 2022, a economia portuguesa cresceu 5,7% e 6,8%, tendo o turismo respondido por 1,7 e 4,2 pontos percentuais, respetivamente. Em 2020, ano mais impactante da pandemia de covid-19, ditado pelo distanciamento social, muito penalizador do turismo, o PIB português contraiu 8,3%, tendo 5,5 pontos percentuais dessa redução sido justificada pela diminuição da contribuição do turismo”.

Paulo Monteiro Rosa lembra que o setor do turismo dá emprego a quase 10% da população, recordando que, em 2021, o emprego nas atividades características do turismo, medido em equivalentes a tempo completo (ETC), fixou-se em 426 230 pessoas, representando 8,9% do total das pessoas empregadas em Portugal nesse ano.

E vai mais longe: “O setor turismo representa mais de metade das exportações de serviços portuguesas, no entanto a balança se serviços pesa cerca de um sexto no total da balança de bens e serviços, mas mesmo assim o turismo é, com certeza, o principal motor das exportações nacionais, contribuindo com cerca de 9%”.

Diversificar a economia

Por seu turno, o economista João César das Neves, em resposta aos criticos em relação ao facto de a economia estar assente apenas neste setor, considera que “os críticos falam como se pudessem mudar aquilo que faz uma sociedade de 10 milhões de habitantes. A economia é o que é, e não está assente apenas neste setor. As nossas exportações são bastante diversificadas, mas naturalmente alguns setores têm preponderância, e a do turismo é óbvia”.

O economista foi bastante claro ao afirmar que “a crítica correta devia ser à falta de planeamento estratégico nesse setor – e noutros – subindo a qualidade e o valor acrescentado”. Ainda assim, afirma que no turismo esse planeamento estende-se a muitas áreas, do urbanismo à saúde, passando por outras infraestruturas e abastecimentos. “Infelizmente, a tradicional incapacidade prospetiva nacional e a tolice das quezílias entre autoridades parecem indicar que vamos continuar a improvisar como fazemos há décadas. Por vezes, temos sorte”.

Combater a improvisação é urgente, defendem os economistas e, por isso, consideram urgente diversificar a economia nacional e enveredar gradualmente por setores de elevado valor acrescentado. Caso contrário, perante uma recessão e diminuição do rendimento disponível, o setor do turismo é prontamente um dos mais afetados, tratando-se de consumo discricionário que é reduzido para garantir rendimento suficiente para satisfazer plenamente o consumo básico.

A pandemia foi um aviso cabal de que a economia portuguesa não deve estar demasiadamente dependente de um só setor, sobretudo do turismo, caracterizado pela proximidade social”.

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