Com a nova lei de transferência e partilha de competências de serviços regionais do Estado para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), há Direções Regionais em nove áreas – economia, cultura, educação, formação profissional, saúde, conservação da natureza e das florestas, infraestruturas, ordenamento do território e agricultura – que vão desaparecer e deslocalizar-se para os grandes centros. É o caso da Direção Regional da Agricultura do Centro (DRAPC), localizada em Castelo Branco, que brevemente estará de “porta fechada”, passando o serviço a funcionar na CCDR Centro, em Coimbra.
A deputada municipal de Castelo Branco, eleita pelo PSD, e ex-diretora daquele organismo, Adelina Martins, lamenta que a estratégia de descentralização do Governo se esteja a fazer sacrificando ainda mais recursos e meios de uma cidade do Interior, quando a aposta deveria passar por reforçá-los.
“Descentralizar, sim, mas trazendo recursos e meios e não acabar com os que já existem. A regionalização tem de passar por trazer para cá Direções Gerais e reforçar o Interior. Até pela proximidade com os agricultores, as Direções Gerais da Agricultura deveriam estar localizadas no Interior, junto dos profissionais e da sua realidade, no sentido de se tomarem melhores decisões”, defende.
Adelina Martins lastima o encerramento da DRAP Centro, que vê as suas competências transferidas para Coimbra, sabendo de antemão que muitos dos recursos humanos da estrutura vão acabar por abandonar Castelo Branco em busca de oportunidades profissionais que a cidade deixou de oferecer.
“Até em termos de economia local, Castelo Branco vai perder imenso. Vai perder técnicos especializados, que já me confidenciaram que estão ponderar abandonar o território. Vão perder os restaurantes, que davam almoços aos vários agentes do setor que visitavam o organismo. Se em Coimbra, cinco ou seis almoços não farão diferença, na cidade albicastrense tinha algum impacto no comércio local”, afirma a deputada, acrescentando ainda que “vamos deixar de depender de Lisboa para passar a depender de Coimbra”.