O líder do Chega, André Ventura, protagonizou uma forte crítica ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acusando-o de ser um elemento de desestabilização no panorama político português. Segundo Ventura, o chefe de Estado tem desempenhado um papel perturbador nas instituições, quando deveria garantir a sua estabilidade e bom funcionamento. A acusação surgiu numa conferência de imprensa na Assembleia da República, onde Ventura expressou o seu desagrado face à postura de Marcelo, afirmando que este tem fomentado intrigas em vez de promover soluções para os problemas do país.
Além de criticar o Presidente da República, Ventura dirigiu também ataques ao primeiro-ministro, acusando-o de ter mentido sobre as negociações orçamentais com o PS. Para o presidente do Chega, as palavras do líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, revelam que existia um acordo entre o PSD e o PS para a viabilização do Orçamento do Estado para 2025, contradizendo as afirmações públicas de Luís Montenegro, que havia garantido a ausência de tal entendimento.
Ventura considerou esta situação como uma prova de que o Chega estava correto ao abandonar as negociações, reiterando que o PSD mentiu não só ao seu partido, mas a todo o país. Descreveu a atitude de Montenegro como arrogante e enganadora, frisando que este comportamento é inadmissível num primeiro-ministro.
No que toca ao Presidente da República, Ventura foi ainda mais contundente, acusando Marcelo de se envolver em matérias que não lhe competem, nomeadamente nas negociações entre os partidos e o Governo, e de interferir de forma indevida nos processos políticos. Para o líder do Chega, esta postura de Marcelo transmite uma imagem de parcialidade e falta de objetividade, enfraquecendo a confiança nas instituições democráticas.
Ventura criticou igualmente as frequentes ameaças de Marcelo em dissolver assembleias regionais, como as dos Açores e da Madeira, e até mesmo a Assembleia da República, considerando essas ações como desproporcionadas e prejudiciais à estabilidade política. Na sua visão, o Presidente, que se encontra na reta final do mandato, está a tornar-se “um problema em cada dia que passa”, ao invés de atuar como mediador e garante do equilíbrio institucional.
O discurso inflamado de André Ventura evidencia a crescente tensão no cenário político português, com o líder do Chega a reforçar o seu papel de oposição e a procurar capitalizar a insatisfação com a governação e com o próprio Presidente da República. A acusação de que Marcelo Rebelo de Sousa é uma “fonte permanente de intriga” revela uma estratégia de confronto direto que visa descredibilizar as principais figuras do Estado e abrir caminho para uma alternativa política mais conservadora e crítica das instituições tradicionais.
Esta escalada de críticas promete intensificar o debate público sobre o papel do Presidente da República e do Governo, bem como sobre a direção que o país deve seguir nos próximos tempos. Ventura não deixou dúvidas: na sua perspetiva, é imperativo que Marcelo Rebelo de Sousa se afaste das intrigas e se concentre em ser um agente de estabilidade, algo que, segundo ele, o chefe de Estado não tem conseguido realizar.