Ah, o Verão na Beira Baixa! Época em que as aldeias, vilas e cidades se transformam em verdadeiros palcos de folia, com festas, festivais e festinhas a rebentar por todo o lado. Da mais modesta aldeia à cidade mais movimentada, ninguém escapa à febre estival. Mas, por trás das barraquinhas de farturas e das bancas de artesanato, esconde-se uma realidade bem menos glamorosa, uma verdadeira opereta bufa protagonizada pelos nossos queridos autarcas
O cenário repete-se ano após ano. Os mesmos protagonistas, as mesmas promessas vazias, as mesmas desculpas esfarrapadas. Os autarcas, que passam o ano inteiro a esquivar-se de responsabilidades e a multiplicar-se em discursos ocos, surgem agora, quais heróis de opereta, a distribuir sorrisos e apertos de mão, como se a proximidade com o povo durante as festas pudesse apagar um ano inteiro de inércia.
As festas de Verão são um verdadeiro catálogo de eventos para todos os gostos: gastronomia variada com destaque para os produtos endógenos, cultura popular em todas as suas formas, grandes DJ’s e bandas nacionais a animar as noites quentes. Até as tradicionais touradas encontram espaço neste circo estival. E é claro que não podiam faltar as homenagens aos autarcas em fim de mandato, num desfile de vaidade que roça o patético.
Mas vamos ao que realmente interessa: as festas são, antes de mais, uma montra de engodos eleitorais. O autarca pavoneia-se, qual pavão em plena parada nupcial, tentando conquistar votos na euforia da festa, seja ela brava, mansa ou assim-assim. E o povo, imerso na euforia etílica e na alegria contagiante do momento, parece esquecer-se de questionar a verdadeira utilidade de tais figuras ao longo do resto do ano.
Entre comes e bebes, danças e cantares, as promessas eleitorais vão sendo semeadas, esperando florescer no próximo ato eleitoral. As festinhas, que deveriam ser um momento de celebração genuína da nossa cultura e identidade, acabam por se transformar em plataformas de autopromoção descarada, onde vale tudo para ganhar um punhado de votos.
E assim, ano após ano, o ciclo repete-se. As festas de Verão na Beira Baixa são a apoteose de uma política de faz-de-conta, onde o folclore serve de cortina para esconder a inépcia e a falta de visão. No fim, quando as luzes se apagam e os ecos da música desaparecem, resta apenas a ressaca de mais uma temporada de promessas não cumpridas e a certeza de que, na política local, a palhaçada continua.
Portanto, caros leitores, desfrutem das festas, das suas iguarias e do ambiente festivo. Mas não se deixem enganar pelos sorrisos fáceis e os abraços calorosos dos nossos autarcas. A verdadeira festa, a que realmente importa, é a que se faz com trabalho sério e dedicação ao longo de todo o ano, e não apenas quando as urnas se aproximam. Que o Verão na Beira Baixa seja, ao menos, uma lição de discernimento para todos nós.
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