Pensamos no jornalismo português actual e dificilmente o imaginamos fora de diversas influências como sejam as fortes centrais de informação. É como se tudo se passasse dentro de limites mais ou menos definidos que se traduzem no desencanto. Os grandes jornalistas são hoje figuras quase românticas e a Comunicação Social verdadeiramente livre mais se confunde confunde com a nostalgia.
E, no entanto, num passado mais ou menos recente, Portugal assistiu ao esplendor de mais do que uma geração de profissionais de grande qualidade que eram lidos, ouvidos e vistos com toda a atenção e interesse. Nalguns casos foram – arrisco a dizer – «sorvidos».
A sociedade foi evoluindo e a grande abertura que o 25 de Abril permitiu esmoreceu aos poucos. Os detentores dos meios de comunicação ligaram-se a interesses e apertaram rédeas.
Arrisco mesmo a perguntar: quem hoje se lembra do nome de um jornalista que aprecie muito. Recordará alguns da televisão por os verem todos os dias e fixarem as suas caras.
A Comunicação Social é hoje um mundo diferente enxameado por lotes de comentadores que vão interpretando a seu modo a realidade. Não há assunto que não mobilize diversas entidades talhadas para a sua explicação de tudo o que nos rodeia.
Em certo sentido, a capacidade de contar histórias que caracterizou o jornalismo foi-se perdendo e é preciso recuperá-la. Infelizmente vai subsistindo na cobertura da invasão da Ucrânia.
Mas há sempre um «eis senão quando» para tudo. E participamos numa tentativa que pode ajudar a desbravar o futuro guardando do passado o que teve de bom.
«O Regiões» é esse passo. Iniciativa de jornalistas que fazem finca-pé na ideia de liberdade junta veteranos e muito jovens que procuram lado a lado reaver um mundo que se foi perdendo.
Mais do que uma organização em que os mais velhos «enquadram» os mais novos há agora lugar a um juntar de forças e a um caminho paralelo.
«É proibido proibir» era uma das grandes palavras de ordem do Maio de 68 em França. Aqui é parecido: nem censura nem auto-censura.
E não bastasse isto tudo surge agora um órgão de Comunicação Social que tem a sua sede ao lado da Serra da Estrela. Como diz o Sérgio Godinho «a liberdade está a passar por aqui».
Jorge Massada