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Vinho da Talha

Vidigueira
Vinho da Talha, milenar, espera ser património imaterial da humanidade

O processo de candidatura em curso, envolve seis municípios do Alentejo e oito entidades, que apostam na produção artesanal de vinho de talha a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

vinho da talha Numa visita ao Centro Interpretativo do Vinho de Talha (CIVT) em Vila de Frades, da região da Vidigueira, Alentejo – quase nos faz lembrar o sofisticado Museu do Vinho em Bordéus – podemos, virtualmente, entrar pelas vinhas adentro e sentir a azáfama das vindimas.

Terra do escritor Fialho e Almeida e local de refúgio do general Humberto Delgado durante o golpe de Beja, Vila de Frades é uma pitoresca vila alentejana que evidencia vários vestígios da presença romana. O nome do vinho provém do recipiente e do processo de fabrico.

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É na Talha ou em gigantes potes de barro que os mostos são fermentados. São grandes vasilhas futilizadas no Alentejo para produzir o vinho e que podem chegar aos 2 metros de altura e ter a capacidade de 2 mil litros de mosto.

Se não for produzido nestes recipientes, que há cem anos quase desapareceram, não poderá chamar-se vinho da talha.

Tecnologicamente adaptado e aberto ao público também aos fins de semana, neste espaço pode apreciar-se a cientificidade e todo este património relacionado com o saber fazer: as vindimas, os processos de fabrico do vinho, os artefactos utilizados, as tradições.

Aqui podemos sentir os cheiros e aromas, ouvir sons da vinha, ver as paisagens do concelho de Vidigueira, saber os provérbios e escutar o cante que, em conjunto, formam a alma do vinho de talha. 

Como são bonitas as talhas alinhadas, e todos os artefactos utilizados para a elaboração de um vinho específico, que pela sua complexidade, não é barato, mas é um vinho agradável, diferente e naturalmente fresco.

O Centro interpretativo utiliza, na sua narrativa, tecnologia de realidade aumentada e explica um processo que, ao longo de quase dois milénios, as gentes locais conseguiram manter. Dos tempos dos romanos à atualidade, percorre o ciclo produtivo, começando pela cultura da vinha no campo, passando pela produção nas talhas nas adegas e terminando numa taberna, tradicionais locais de convívio dos trabalhadores.

Branco, tinto ou petroleiro é um vinho que alimenta o convívio entre as pessoas e uma marca de identidade que vem assim desde a ocupação do território pelos romanos. Existe uma diversidade de restaurantes e adegas muito interessantes, onde podemos almoçar e beber um bom vinho da talha, cujo preço varia entre 12 euros 18 e por aí adiante, consoante a casta, o tempo, a marca.

Nós optámos por almoçar no restaurante País das Uvas. Contou-nos o seu proprietário, António Honrado, que é herdeiro de uma família vinícola deste género, que, tendo adquirido umas casas velhas para ampliar o seu espaço, descobriu, ao fazer as obras, que afinal era uma adega romana, como se pode ver na foto. Vestígios romanos como este, surpreenderam também, outros novos compradores de casas em ruínas.

António Honrado, além de uma comida típica alentejana, fabrica o vinho e também uma aguardente de medronho que dada a sua raridade e produção limitada, depressa se esgota.

Em Portugal, de acordo com documentação exposta no CIVT, a cultura da vinha remonta aos Tartéssios (200 anos A. C.). Seguiram-se os Fenícios e os Gregos. Mas é a partir da ocupação romana que a vitivinicultura aumentou, devido aí cultivo de novas castas

 

 

 

 

 

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Otília Leitão
Otília Leitão
Doutorada em Ciências da Comunicação no ISCTE-IUL (2021), Mestre em Comunicação, Media e Justiça Universidade Nova de Lisboa ( 2010-2012). Licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa (Menção jurídico políticas). Curso de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (sistema e-learning) Instituto Camões.

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