A violência doméstica não pára de aumentar no concelho de Almada, um dos mais flagelados do distrito de Setúbal. As vítimas continuam a ser, na grande maioria, mulheres. A Associação de Apoio à Vítima, inaugurada em Almada, em 2021, registou a queixa de 455 vítimas. O número não pára de aumentar. Desde janeiro, já morreram em Portugal 3 mulheres.
Segundo a ONU Mulheres, uma em cada três mulheres, em todo o mundo, passam por situações de violência física ou sexual ao longo da sua vida. A situação, agravou -se com a pandemia, e nos dias de hoje, os números continuam a causar preocupação. Mais de 50% das vítimas são mulheres, entre os 30 e 54 anos e, a maioria dos agressores são maridos ou companheiros. Atualmente, mais de 800 pessoas, estão na prisão, a cumprir pena por crimes de violência doméstica. Mais de oitocentas são homens. Apenas dezoito mulheres, se encontram atrás das grades, pelo mesmo crime.
O crime de violência doméstica, continua a ocupar o topo, da criminalidade em Portugal. Não obstante, ter passado a ser crime público desde há 20 anos, e a adoção, nos últimos anos, pelo Governo, de novas medidas, como o alargamento da prevenção, de áreas de formação específica, ao nível das forças de segurança, ou a criação de salas de atendimento à vítima nas novas esquadras que vão surgindo, elevando para cerca de 70% a percentagem das instalações policiais que no nosso país já dispõem das ditas salas, o crime continua a aumentar.
A Associação de Apoio à Vítima (APAV), inaugurou em Almada, em abril de 2021, um novo gabinete, com o objetivo de responder às vítimas dos diversos tipos de crime que assolam a Margem sul, disponibilizando equipas móveis, casas abrigo e linha internet, entre outras valências. Almada, foi, em 2020, o município do distrito de Setúbal onde se registou o maior número de criminalidade.
Em 2022, A APAV de Almada, registou um aumento dos crimes contra as pessoas no concelho. De um total de 626 crimes assinalados pela associação, a grande maioria, tem a ver com violência doméstica: mais de 455 vítimas queixaram -se ao Gabinete da APAV. A freguesia, onde se registou, o maior número de crimes, foi a de Almada, com 18,3% das ocorrências registadas, seguida das freguesias de Laranjeiro e Feijó. Cerca de 16,2% destes crimes ocorreram nas freguesias de Charneca de Caparica e Sobreda. As freguesias de Costa de Caparica, Caparica e Trafaria, registaram 9,1%.
O GAV de Almada presta informação, aconselhamento, apoio emocional, prático, jurídico, psicológico e social às vítimas, familiares e amigos. As vítima, no entender dos técnicos desta associação, são cada vez mais jovens; a partir dos 25 anos. Há 10 anos, a idade média das vítimas rondava os 45/70 anos. Segundo dados da PSP e GNR, em 2022, houve um total de 30. 389 de queixas em todo o país. Em 2023 e até agora, os números têm registado um aumento, sobretudo de denúncias. Mas, 3 mulheres, desde o início do ano, já perderam a vida, às mãos de maridos e companheiros.