A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou hoje, em conferência de imprensa, a proposta de atribuição da pasta dos Serviços Financeiros e União de Poupança e Investimento à comissária nomeada por Portugal, Maria Luís Albuquerque. A escolha da antiga ministra das Finanças portuguesa é vista como um passo importante para o fortalecimento da União do Mercado de Capitais e a promoção do investimento privado na Europa.
“A Maria Luís Albuquerque será crucial para esta pasta, tendo em conta a sua vasta experiência, tanto como ministra das Finanças como no setor privado. Ela reúne a capacidade necessária para gerir este desafio complexo”, afirmou von der Leyen, durante a conferência realizada à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
A proposta foi apresentada formalmente durante uma reunião com a Conferência de Presidentes do Parlamento Europeu, onde a líder da Comissão delineou a sua nova equipa de comissários para o ciclo institucional de 2024-2029.
Ursula von der Leyen destacou que a União de Poupança e Investimento é um projeto ambicioso que visa consolidar a União dos Mercados de Capitais, permitindo que o investimento privado tenha um impacto direto na produtividade e inovação do continente europeu. Segundo a presidente da Comissão, este é um setor vital, particularmente num momento em que a Europa enfrenta a pressão crescente de competidores globais como os Estados Unidos e a China.
“A União Europeia perde anualmente cerca de 470 mil milhões de euros em investimentos que não são realizados dentro da região, justamente pela ausência de uma verdadeira União dos Mercados de Capitais”, apontou von der Leyen.
Ainda assim, a presidente reconheceu que será um caminho difícil, dado o fracasso de tentativas anteriores para implementar a iniciativa. No entanto, sublinhou a urgência de resolver esta questão, salientando que Maria Luís Albuquerque é a pessoa ideal para liderar este esforço devido ao seu conhecimento profundo da matéria.
Luís Montenegro, destacou a importância estratégica
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, destacou a importância estratégica da pasta atribuída à comissária portuguesa. Em comunicado, Montenegro referiu que o setor financeiro e de investimento é “crucial para a competitividade da economia europeia”, elogiando a escolha da antiga ministra das Finanças para este papel vital. “Esta pasta será fundamental para garantir o crescimento económico, o fomento do investimento privado e a inovação, tanto para a Europa como para Portugal”, destacou o primeiro-ministro.
Segundo dados do Banco Central Europeu, após a crise provocada pela pandemia da covid-19, a União Europeia conta com cerca de 33 biliões de euros em poupanças privadas, grande parte retida em depósitos e moeda. A União de Poupança e Investimento visa canalizar essas poupanças para investimentos que possam estimular o desenvolvimento económico, aproximando-se do modelo norte-americano, onde a poupança das famílias é amplamente utilizada para impulsionar a economia.
A nova equipa de Ursula von der Leyen contará com 11 mulheres em postos-chave, representando 40% da sua composição, e quatro delas serão vice-presidentes executivas. A inclusão de Maria Luís Albuquerque numa pasta considerada crucial reflete o compromisso da Comissão com o avanço de reformas estruturais que possam enfrentar os desafios da economia global.
No entanto, a criação de uma verdadeira União de Poupança e Investimento será complexa, devido às diferenças nas economias dos Estados-membros e às barreiras regulatórias entre mercados financeiros nacionais. Para von der Leyen, o sucesso deste projeto exigirá uma forte cooperação entre o setor público e privado, o que torna a experiência de Albuquerque num trunfo importante para o cargo.
Com esta nomeação, Maria Luís Albuquerque terá a oportunidade de desempenhar um papel central na definição das políticas financeiras europeias nos próximos cinco anos. O seu sucesso poderá ser um fator decisivo para consolidar a posição da União Europeia no cenário económico global, garantindo que o bloco consiga atrair e reter investimentos essenciais para o seu futuro.