2024 é um dos anos mais mortíferos para jornalistas, com mais de 120 mortos, e o Médio Oriente é o epicentro das tragédias
Em 2024, mais de 120 jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação foram mortos em diversas partes do mundo, destacando-se as guerras no Médio Oriente, especialmente em Gaza e no Líbano, como os principais responsáveis por esta tragédia. As guerras nessas regiões causaram a morte de 58% dos jornalistas vítimas fatais este ano, com um total de 64 profissionais palestinos, seis libaneses.
A situação no Médio Oriente foi a principal responsável por este trágico aumento, com as guerras em Gaza e no Líbano a representarem 58% dos jornalistas mortos este ano. Em concreto, 64 jornalistas palestinos, seis libaneses e um sírio foram assassinados enquanto exerciam a sua profissão em regiões de conflito. A guerra em Gaza, que se intensificou após o início do conflito em outubro de 2023, tem sido particularmente mortal para os jornalistas, com a Palestina a figurar entre os países mais perigosos para os jornalistas.
Em 2024, o número de jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação mortos atingiu um total de 122, tornando este ano um dos mais mortíferos para a profissão. A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) destacou que as guerras no Médio Oriente, especialmente em Gaza e no Líbano, foram responsáveis por 58% de todas as mortes registadas.
A violência em Gaza tem sido implacável, e os jornalistas palestinos foram especialmente vulneráveis, sendo alvo de ataques enquanto tentavam relatar a situação no terreno. Este cenário alarmante levou a FIJ a classificar a Palestina como uma das regiões mais mortais para os profissionais da comunicação social, com um número recorde de vítimas este ano. A perda de 147 jornalistas palestinos em menos de um ano é um reflexo da gravidade da situação e da crescente repressão contra a liberdade de imprensa naquela área de conflito.
Em meio ao aumento alarmante de mortes de jornalistas em 2024, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) instou os Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) a tomar medidas urgentes para garantir a adoção de uma convenção vinculativa sobre a segurança dos jornalistas .
O secretário Bellanger sublinhou que a criação de uma convenção vinculativa sobre a segurança dos jornalistas seria um passo fundamental para garantir a proteção dos profissionais da comunicação em todo o mundo. Segundo ele, esta convenção teria como objetivo principal pôr fim às mortes e danos que, infelizmente, ocorrem todos os anos, especialmente em contextos de conflito.
Em 2024, a violência contra jornalistas na região da Ásia e Pacífico continuou a aumentar, com a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) a condenar o assassinato de 18 profissionais da comunicação social. No Paquistão, Bangladesh e Índia, foram registrados os maiores números de mortes, com sete jornalistas mortos no Paquistão, cinco no Bangladesh e três na Índia. Além destes, o Camboja e as Filipinas somaram, respetivamente, uma morte cada, enquanto Myanmar, sob regime militar, continua a ser uma das nações mais perigosas para jornalistas, com três mortes registadas.
Em 2024, a África foi palco de diversas tragédias para a comunidade jornalística, com uma dúzia de jornalistas mortos em várias regiões do continente. O Sudão, em particular, foi o cenário mais mortal para os profissionais da comunicação social, com seis jornalistas assassinados em consequência da guerra entre generais, que tem devastado o país. Este conflito, caracterizado por confrontos armados intensos e uma profunda crise humanitária, tornou-se um dos mais perigosos para os jornalistas na África, colocando em risco a vida de muitos destes profissionais.
No México, a situação é particularmente alarmante. Os jornalistas que cobrem temas relacionados ao tráfico de drogas, violência organizada e corrupção estão frequentemente sujeitos a ameaças, intimidações, sequestros e até assassinatos. O narcotráfico, que assola o país há mais de duas décadas, continua a ser um dos maiores fatores de risco para os jornalistas, que muitas vezes se veem no centro de confrontos entre cartéis e autoridades. Em 2024, as mortes de jornalistas mexicanos refletem a violência crescente e a incapacidade do Estado mexicano de garantir a segurança dos profissionais da comunicação.
Além do México, a Colômbia e o Haiti também registraram mortes de jornalistas neste ano. Na Colômbia, a violência relacionada ao narcotráfico e aos conflitos armados continua a ser uma grande ameaça para os jornalistas.
Já na Europa, a guerra na Ucrânia custou a vida a quatro jornalistas este ano, contra 13 em 2022 e quatro em 2023, embora este continue a ser o continente mais seguro do mundo para o setor.
Até 2024, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) contabilizou 516 jornalistas atualmente detidos em todo o mundo, um aumento significativo em comparação com os 427 registados em 2023 e os 375 de 2022. Este aumento preocupa a comunidade internacional, uma vez que reflete a crescente repressão à liberdade de imprensa e aos desafios enfrentados pelos profissionais de comunicação em vários pontos do globo.
A China continua a ser o maior carcereiro de jornalistas, com 135 profissionais da comunicação social detidos no país. Este número coloca o país à frente de outras nações, como Israel, onde 59 jornalistas palestinos estão atualmente encarcerados, e Mianmar, que registra 44 detenções. A repressão à liberdade de expressão na China tem sido uma preocupação constante para organizações internacionais, especialmente em relação ao tratamento de jornalistas que cobrem temas sensíveis, como direitos humanos, censura e a situação política interna.
Só na região da Ásia-Pacífico há 254 jornalistas na prisão, à frente da Europa no seu conjunto, com 142, do Médio Oriente e do mundo árabe, com 102, de África, com 17, e da América Latina, com um.