Os sindicatos que representam os trabalhadores da RTP apelaram hoje para que o futuro da televisão pública seja debatido e decidido pelo parlamento, em vez de ser determinado exclusivamente pelo Governo. A exigência surge após uma reunião com o Partido Comunista Português (PCP), no âmbito das jornadas parlamentares, durante a qual o partido manifestou o seu compromisso em travar as medidas do executivo.
Clarisse Santos, secretária-geral do Sindicato dos Meios Audiovisuais (SMAV), criticou o Plano de Ação para a Comunicação Social, recentemente anunciado pelo Governo, que prevê a redução gradual de publicidade na RTP e a saída voluntária de até 250 trabalhadores. Santos referiu que o Conselho de Administração inicialmente mencionara 80 rescisões por mútuo acordo, mas o plano do Governo agora amplia esse número de forma significativa.
A sindicalista expressou preocupação com a forma como o Governo está a gerir a situação, afirmando que a estratégia atual “começa pelo telhado” e que estas decisões precisam de ser alvo de um debate profundo na Assembleia da República. Santos sublinhou a necessidade de uma abordagem transparente e criticou o primeiro-ministro por não ter envolvido o parlamento na discussão destas medidas estruturais.
O PCP, através do deputado António Filipe, reiterou o seu empenho na defesa do serviço público de rádio e televisão. Filipe criticou a redução da publicidade prevista para a RTP, alertando para as consequências financeiras e a desvalorização que tal medida pode trazer à empresa. Comprometeu-se, ainda, a lutar contra estas mudanças na Assembleia da República, prometendo uma análise atenta e uma oposição firme às intenções do Governo.
Os sindicatos esperam que o parlamento, tanto à esquerda como à direita, intervenha para impedir o avanço deste plano que consideram prejudicial para a RTP e para o serviço público que esta presta.
