A Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) presta homenagem ao centenário de nascimento de Amílcar Cabral, figura crucial na luta pela independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau, com um espetáculo único que reunirá vozes e melodias em celebração de seu legado. No próximo dia 6 de novembro, o palco do Teatro São Luiz receberá as artistas Lura, Cremilda Medina e IIolanda Pereira, acompanhadas por Tito Paris e pela Orquestra Metropolitana, para uma noite de música e história em tributo a um dos maiores líderes da emancipação africana
O concerto marca também o retorno da OML a Cabo Verde após 15 anos de sua primeira apresentação no arquipélago, realizada em 2009 nas Salinas de Pedra Lume, na Ilha do Sal. Naquela ocasião, o cenário paradisíaco foi palco de uma colaboração histórica entre a OML e o músico cabo-verdiano Tito Paris. Agora, em Lisboa, essa parceria se renova e se expande, reforçando o compromisso da orquestra em unir diferentes culturas através da música.
A Homenagem a Amílcar Cabral
Amílcar Cabral, cuja vida foi interrompida tragicamente em 1973, é celebrado como um herói e intelectual que inspirou a luta de libertação contra o colonialismo em Cabo Verde e Guiné-Bissau. Reconhecido por sua habilidade em combinar estratégias militares e diplomáticas, Cabral continua a ser um símbolo de resistência e de amor à liberdade para as nações africanas. O concerto no Teatro São Luiz é um tributo ao seu impacto cultural e político, um legado que transcende gerações e ressoa com a mesma força nos dias de hoje.
A programação especial do evento trará a estreia da Sinfonia Oceano Atlântico, do compositor cabo-verdiano Vasco Martins, cuja obra se inspira nas profundas ligações culturais e históricas entre Cabo Verde e Portugal. Essa composição, em particular, evoca a conexão do arquipélago com o Atlântico, representando a travessia, o encontro e a resistência.
Vozes de Cabo Verde em Tributo a Cabral
Lura, uma das vozes cabo-verdianas mais conhecidas, expressou sua emoção ao participar do evento. Para a artista, a oportunidade de interpretar o clássico “Cabral Ka Morri” — uma composição gravada em 1976 pela banda cabo-verdiana Os Tubarões — é uma maneira de manter vivo o legado de Cabral. “Sinto-me muito honrada por poder celebrar, junto aos outros artistas, este homem que foi tão importante para a liberdade”, comentou Lura. “Este tema reflete bem a sensação de manter vivo quem é amado e manter o seu legado.”
A artista também mencionou que Amílcar Cabral simboliza uma transformação cultural e social que possibilitou aos cabo-verdianos resgatarem suas tradições musicais após a independência. Ela recorda a canção “Ambienti más seletu”, de Zezé Di Nha Reinalda, como exemplo da barreira que existia entre diferentes estilos musicais antes da independência, barreira esta que foi quebrada após a libertação. “O impacto de Cabral foi enorme para a nossa música, permitindo que batuque e funaná fossem celebrados publicamente, expressando nossa cultura sem restrições.”
Um Concerto Único e Elevado
Para Lura, a noite de 6 de novembro no Teatro São Luiz terá “muito charme” e será marcada por uma atmosfera de elevação e respeito. “A orquestra traz sempre uma elevação especial, o lado mais clássico na interpretação destes temas, e penso que será um momento único”, descreveu. O espetáculo, com a sua combinação de vozes icônicas e arranjos orquestrais, promete transportar o público numa viagem musical que homenageia a luta, a cultura e a liberdade defendidas por Cabral.
Em 2024, o centenário de Amílcar Cabral tem sido celebrado com uma série de eventos, e este concerto é um dos momentos mais marcantes, reforçando a importância de manter a memória e o impacto do líder africano vivos. Como destacou Lura, “devemos lembrar sempre que, se hoje em Cabo Verde podemos ser um povo livre, devemos isso a Amílcar Cabral, que acreditou na liberdade e na autonomia até o fim.”
Uma Noite para a História
O espetáculo no Teatro São Luiz será uma fusão de música clássica e ritmos cabo-verdianos, marcada pelo talento de Cremilda Medina, Lura, IIolanda Pereira e Tito Paris, unidos pela Orquestra Metropolitana de Lisboa para uma homenagem histórica. A noite não será apenas um concerto, mas também uma reafirmação de um legado que resiste ao tempo e à distância. A celebração, carregada de emoção e significado, promete ser um momento de profunda conexão e orgulho cultural para cabo-verdianos, portugueses e todos os admiradores de Amílcar Cabral e da música lusófona.Balai
Ao som da música e das vozes, o centenário de Cabral será marcado por uma reflexão sobre o passado e uma celebração do futuro, inspirando a audiência a recordar que a liberdade conquistada deve ser mantida viva, tal como o espírito de Amílcar Cabral.
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