O mercado eólico europeu cresceu de forma sólida nos últimos 25 anos. Os contínuos avanços tecnológicos e a melhora das taxas de geração reduziram o seu custo, e hoje em dia a energia eólica está consolidada como um dos principais motores da transição verde no continente. Em Portugal, segundo a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), de janeiro a outubro de 2024, a energia eólica representou quase 40% da energia produzida.
A energia eólica representou 38% da eletricidade gerada em Portugal, em outubro, mês em que a incorporação de renováveis foi de 78,6%, segundo dados da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), divulgados esta quinta-feira.
No acumulado de janeiro a outubro, foram gerados 38.229 gigawatts-hora (GWh) de eletricidade no país, dos quais 81,8% tiveram origem renovável.
Nos primeiros 10 meses do ano, a incorporação de eletricidade renovável registou um aumento de 14 pontos percentuais em relação ao período homólogo do ano passado e contribuiu para uma queda de 15,7% na produção de eletricidade fóssil, relativamente aos valores registados em 2023.
A descida, sublinhou a APREN, é justificada pela queda na produção de eletricidade proveniente de gás natural.
Portugal continua, assim, a ser o quarto país europeu com maior incorporação renovável na geração de eletricidade, atrás da Noruega, Áustria e Dinamarca, realçou a associação.
Até outubro, registou-se um preço médio horário no Mercado Ibérico de Eletricidade em Portugal (MIBEL) de 54,5 euros por megawatt-hora (MWh), o que representa uma redução de 41% face ao período homólogo do ano passado.
Para Pedro Amaral Jorge, CEO da APREN, “desde o início do ano, Portugal tem consolidado a posição de quarto país da Europa com maior incorporação de fontes renováveis na geração de eletricidade. Este mês, mais de 78,6% da energia elétrica produzida no país teve origem em fontes renováveis, com destaque para a energia eólica, que representou quase metade dessa produção. Paralelamente, continuamos a registar uma redução significativa na geração de eletricidade a partir de fontes fósseis, com uma diminuição superior a 6%, comparativamente com outubro de 2023. Estes resultados refletem o esforço de Portugal na promoção da transição energética e na consolidação de um sistema elétrico mais sustentável.”
De acordo com o que tem sido registado ao longo do ano de 2024, em outubro, Portugal continuou a ser o quarto país com maior incorporação renovável na Europa, com 78,6%. Os resultados alcançados em outubro de 2024 e no acumulado dos primeiros dez meses do ano destacam aquele que tem sido o posicionamento e a liderança de Portugal na produção de eletricidade renovável na Europa.
Perspectivas 2022-2026
A energia eólica será fundamental nos próximos anos e permitirá que os países europeus avancem no processo de descarbonização da economia e deem continuidade à transição energética.
Um estudo da WindEurope prevê que, entre 2023 e 2027, a Europa instalará 129 GW, com um ritmo de 25,8 GW por ano; enquanto a UE colocará em funcionamento novos 98 GW instalados, crescendo uma média de 19,6 GW por ano.
No entanto, esse último número está bem abaixo da taxa média de instalação de 31 GW necessária para cumprir o objetivo da UE de ter 40 % de sua produção proveniente de energia renovável até 2030.
A WindEurope destaca o papel dos governos na resolução dos problemas de licenciamento que recentemente atrasaram ou até mesmo bloquearam a construção de parques eólicos. Segundo a WindEurope, para que a Europa atinja suas metas de energia e clima é fundamental criar políticas que simplifiquem o processo de aprovação e planejamento de parques eólicos.
Além disso, a organização aponta para a necessidade de apoiar um projeto de mercado que permita o desenvolvimento total da energia renovável. “Embora os governos estejam tentando agir de acordo com os interesses de curto prazo dos consumidores, implementando medidas para protegê-los dos altos preços da energia, este mosaico de normas estabelecido em toda a Europa criou um ambiente regulatório incerto”, afirma a WindEurope. O objetivo da próxima revisão do projeto do mercado de eletricidade da UE deve ser o de restaurar a confiança dos investidores, diz a organização.
A WindEurope insiste em investir no desenvolvimento de redes elétricas e trabalhar além das fronteiras para desenvolver estruturas híbridas em alto-mar e ilhas de energia.
Renováveis essenciais para emissões zero
Além do relatório da WindEurope, existem outros estudos e organizações que reforçam a ideia de que a energia eólica desempenhará um papel fundamental na necessária transição energética para lidar com os desafios das mudanças climáticas e gerar energia limpa.
Assim, por exemplo, a Agência Internacional de Energia (IREA) argumenta que a energia eólica e solar são as fontes de energia predominantes para alcançar o cenário de emissões zero até 2050.
Mas os benefícios vão além do que podemos imaginar. Já em 2019, a KPMG abordou algumas contribuições reveladoras desse tipo de energia no relatório ‘O impacto socioeconômico da energia eólica no contexto da transição energética’.Enlace externo, se abre en ventana nueva.
Entre os pontos-chave do estudo, podemos destacar: A energia eólica poderá suprir cerca de 34% da demanda mundial de eletricidade em 2040 (em comparação com os 4% atuais).
Este tipo de energia pode ser responsável por 23% da redução necessária das emissões de carbono para 2050, que equivale às emissões anuais das 80 cidades mais poluentes do mundo.
Esta redução nas emissões poderia salvar até quatro milhões de vidas por ano e reduzir os custos de saúde em até 3,2 bilhões de dólares anualmente.
A energia eólica também criará cerca de 3 milhões de empregos em todo o mundo até 2050.