A COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, culminou com um compromisso histórico: os países desenvolvidos destinarão 300 mil milhões de dólares anuais (cerca de 287,86 mil milhões de euros) para o financiamento climático de países em desenvolvimento até 2035. O projeto, que triplica o compromisso atual de 100 mil milhões, visa acelerar a adaptação às alterações climáticas e impulsionar a transição energética no Sul Global
Sob a liderança do Azerbaijão, o acordo foi finalizado após longas negociações e enfrentou resistência de pequenos Estados insulares e países menos desenvolvidos, que consideravam insuficiente uma proposta inicial de 250 mil milhões de dólares. Protestos marcaram a manhã desta sexta-feira, adiando a sessão de encerramento para mais de 24 horas.
A meta global de arrecadar 1,3 triliões de dólares anuais, somando contribuições multilaterais, privadas e fiscais, foi também consolidada no texto final, reforçando o compromisso de reduzir o uso de combustíveis fósseis no Sul Global.
China e Países do Golfo Como Parceiros Voluntários
Embora a contribuição dos países desenvolvidos, incluindo Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Japão e Austrália, seja obrigatória, outras economias, como as do Golfo e a China, comprometeram-se a financiar voluntariamente iniciativas climáticas.
Reações Mistas e Preocupações Sobre a Suficiência do Financiamento
A decisão, amplamente elogiada, foi também alvo de críticas e dúvidas. Lídia Pereira, eurodeputada do PSD e chefe da delegação do Parlamento Europeu na COP29, considerou o montante significativo, mas alertou que pode ser insuficiente frente à magnitude da crise climática. “Os 100 mil milhões prometidos há mais de uma década só foram atingidos em 2022, e 300 mil milhões anuais podem não bastar para mitigar impactos climáticos imediatos e apoiar a transição global”, apontou.
Pereira destacou ainda a necessidade de uma participação obrigatória de economias emergentes como a China, dado o seu papel como segunda maior economia mundial.
Financiamento Público e Créditos de Carbono no Centro do Debate
Além do financiamento direto, o acordo prevê a criação de um mercado global de créditos de carbono, considerado um avanço importante para mobilizar recursos em projetos sustentáveis, energias limpas e reflorestação. A medida, que enfrentou anos de tentativas frustradas, foi saudada como uma oportunidade para alinhar o setor privado com metas climáticas globais.
O Que Está em Jogo?
Organizações como Greenpeace, Youth for Climate e Oxfam enfatizaram que o sucesso da COP29 depende de um financiamento público previsível e de ações concretas. Segundo especialistas, a meta de 1,3 triliões de dólares será fundamental para enfrentar o impacto desproporcional das mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.
Apesar das tensões e desafios, o compromisso alcançado marca um passo importante na luta contra a crise climática global. Com a sessão de encerramento prevista para esta noite em Baku, a comunidade internacional aguarda os próximos passos na implementação das medidas acordadas.
A Caminho de um Futuro Sustentável?
A COP29 reafirma que o combate às alterações climáticas exige esforços coletivos, financeiros e políticos. No entanto, a viabilidade e suficiência do financiamento prometido continuarão sob escrutínio enquanto o mundo enfrenta um futuro incerto, mas urgente, para salvaguardar o planeta.