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Francisco Manuel Lumbrales caiu

Caiu. Há 44 anos, segundo o relatório oficial da Aviação Civil, dirigido à época pelo Eng.º Queirós, um homem bom, o que aconteceu em Camarate a quatro de Dezembro de 1980 nem foi acidente nem atentado. «Caiu», lê-se no mais oficial relatório da nação sobre a morte do primeiro-ministro em funções. E lá que caiu, caiu. Ninguém tem dúvidas. O Youtube e a RTP não mentem: o pobre avião está em ponte entre dois telhados, o que nunca constituiu pista de aterragem em lado nenhum.

Com as chamas internas, partiu-se e acabou com a paz no Bairro das Fontaínhas, em Lisboa. Ressoou logo este «caiu» nas capitais dos Estados Unidos e da União Soviética. O País que se tinha negado a vender armas ao Irão e ao Iraque ao mesmo tempo, o Portugal, pois estavam em guerra e não era lá muito decente nem ético andar a armar os dois lados, mudou imediatamente de política, ainda o Cessna ardia. Segundo os relatos da época e outros, desenterrados por historiadores e jornalistas, como Frederico Duarte Carvalho, o sucessor de Francisco Manuel, de seu nome Freitas do Amaral, soube da queda, foi ao ministério dar ordens que a fábrica de Moscavide fizesse armas e as exportasse para os dois bélicos países e, só depois, seguiu para a RTP a dar a notícia ao País.

Crepitava ainda o seu amigo Adelino Manuel Lopes quando Freitas, com conhecimento do Presidente eleito, e reeleito depois, contrariou a vontade do seu companheiro fundador do CDS.

Semanas antes, pela sombra, o mais cínico político do séc. XX tinha passado, sob manto invisível, por Lisboa e deu ordens a Adelino Manuel Lopes para vender armas a ambos países do médio-Oriente. Adelino recusou uma, duas, três vezes, mas ficou em tal estado que o chefe de gabinete o foi encontrar descalço, camisa aberta, deitado, à beira da apoplexia Kissinger.

Muitos anos depois, muitas comissões e inquéritos feitos, entrevistei, com o Frederico, o homem que se dizia ter feito a bomba original. A entrevista demorou oito horas. Uma estafa, até nos revelar como fizera o explosivo, como funcionava e a quem o entregou. Este “homem do meio” terá ainda alterado a bomba. E o pacote terá sido entregue a um homem que dá por vários nomes. O que usava em Portugal era de Sinan Lee Rodrigues. E este homem estava no aeroporto de Lisboa no momento em que Francisco Manuel Lumbrales e comitiva mudaram de avião. Depois? Depois, no fim da pista, guinada e queda. Todos mortos.

Tal como o 25 de Novembro não é da direita e é uma consequência de uma Revolução, o 4 de Dezembro também o é. Soares faria anos três dias depois, mas nem os celebrou. Afinal, Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro era líder do PSD, estava a governar Portugal e o PS tinha-lhe respeito. Ainda mais porque, à época, o primeiro-ministro queria que o PPD fosse “socialista”, da linha do “socialismo democrático”. Mas a antiga Ala Liberal e alguns satélites do PPD tinham muito medo deste discurso, empedernidos no 24 de Abril e no 25 de Novembro.

O resultado foi que caiu. Caiu Francisco, caiu Adelino e caiu Portugal nas asas de uma trapalhada inenarrável e imorredoura. Fosse acidente ou atentado (mesmo depois de investigar estes anos, ainda não consigo ter opinião), a verdade é que naquele aeroporto apenas caiu um avião, em toda a sua história.

Pensemos nisso.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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