O Presidente francês, Emmanuel Macron, revelou esta terça-feira que pretende nomear um novo primeiro-ministro “dentro de 48 horas”, após uma reunião com líderes partidários no Palácio do Eliseu. Durante o encontro, Macron procurou avançar para um consenso sobre a escolha do novo chefe de Governo, excluindo da conversa a extrema-esquerda da França Insubmissa (LFI) e a extrema-direita da União Nacional (RN)
A reunião visou abrir caminho para a nomeação de um primeiro-ministro que possa evitar novas crises políticas, após a recente demissão do governo interino de Michel Barnier, que foi forçado a abandonar o cargo depois de um voto histórico de censura na Assembleia Nacional. A França, atualmente sem uma maioria absoluta no parlamento, enfrenta um cenário político instável e a pressão por uma solução rápida é crescente, especialmente devido à situação económica do país, que tem o pior desempenho em termos de PIB entre os países da União Europeia, à exceção da Roménia.
Macron, que tem mantido uma série de encontros com vários partidos políticos, reiterou que espera que esta reunião seja um passo em direção a um “acordo sobre um método” para a escolha do novo primeiro-ministro. O chefe de Estado procurou apoio entre as facções políticas para uma solução que permita estabilidade e um governo capaz de implementar medidas económicas essenciais.
A coligação de esquerda, representada pelo Partido Socialista, os ecologistas e os comunistas, manifestou a sua posição de que a escolha de um novo primeiro-ministro deve recair sobre alguém da esquerda, preferencialmente com capacidade para compromissos. No entanto, a esquerda radical da França Insubmissa, liderada por Jean-Luc Mélenchon, ficou de fora das discussões, aumentando as tensões dentro da coligação. Mélenchon criticou a exclusão e desafiou Macron, acusando-o de enfraquecer a unidade da esquerda e de buscar uma solução política que beneficie a sua agenda pessoal.
Com o cenário político francês fragmentado e sem consenso sobre a composição do novo governo, o tempo para encontrar uma solução parece escasso. Além da necessidade de formar um governo estável, o país enfrenta também desafios económicos significativos, o que torna ainda mais urgente a nomeação de um novo chefe de Governo. Em paralelo, Macron preparava-se para a apresentação de um projeto de “lei especial” que permitirá ao Estado cobrar impostos a partir de 1 de janeiro, uma medida que será ainda discutida em reunião do Conselho de Ministros, presidido interinamente por Michel Barnier.
A nomeação do novo primeiro-ministro representa um momento crítico para a presidência de Macron, que procura reconquistar a confiança do parlamento e resolver as tensões internas que ameaçam a governabilidade do país.