O ministro da Economia, Pedro Reis, afirmou esta terça-feira que é “ambicioso” pensar que será possível recuperar na totalidade o dinheiro público investido na Efacec, sublinhando que as métricas de recuperação, baseadas em múltiplos de crescimento do EBITDA, são demasiado elevadas para serem realistas. A declaração foi feita durante a sua audição na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, no âmbito de uma sessão regimental.
Reis explicou que, depois de concretizado o modelo de venda da Efacec a parceiros privados pelo governo anterior, o Estado não pode retroceder ou alterar essa negociação. Para o ministro, as condições de recuperação dos valores investidos pelo Estado são excessivamente otimistas e não correspondem à realidade do mercado. “As métricas de recuperação dos dinheiros públicos que foram colocados na empresa implicam múltiplos de crescimento dos EBITDA que me parecem demasiados ambiciosos”, afirmou, reiterando que é difícil acreditar que o montante total investido pelo Estado será recuperado.
A situação da Efacec tem vindo a ser alvo de críticas e investigações. Uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC), divulgada no final de setembro, apontou que o custo da nacionalização e posterior reprivatização da Efacec pode chegar a 564 milhões de euros, com os objetivos financeiros da operação não sendo atingidos. O TdC também criticou a escolha da proposta vencedora da reprivatização, da Mutares, considerando que aumentou o risco da operação, resultando em um acréscimo de 271 milhões de euros de custos para o Estado.
Neste contexto, foi recentemente aprovada no Parlamento uma comissão parlamentar de inquérito, proposta pela Iniciativa Liberal (IL), para investigar a gestão política da Efacec, com os votos contra do Partido Socialista (PS). A decisão tem gerado debates acesos, com a oposição a questionar a transparência e os custos associados à operação de reprivatização.
Durante a audição, Pedro Reis foi também confrontado com questões relativas ao encerramento de empresas e à situação de lay-off em diversos setores, como o automóvel e o têxtil. O ministro garantiu que o Governo está a acompanhar de perto estes casos, em colaboração com as autarquias e organismos públicos, e que está a avaliar se as empresas em questão cumpriram as contrapartidas acordadas para poderem beneficiar de incentivos públicos. Ressaltou, contudo, que cada situação deve ser analisada individualmente, levando em consideração as especificidades de cada caso.